Três em cada dez adultos já reclamaram de enxaqueca. O dado é da OMS (Organização Mundial da Saúde), que coloca a doença como a sexta mais incapacitante no mundo. Ela também está ligada a casos de ansiedade e de depressão em seres humanos.
Mas e os animais? Eles sofrem de enxaqueca?
Não é possível responder essa pergunta com um simples “sim” ou “não”, já que há pouquíssima pesquisa científica sobre o assunto.
Quais são os sintomas?
A enxaqueca é um tipo de cefaleia –termo médico para designar a dor de cabeça. Costuma se caracterizar por dor latejante recorrente, normalmente em um lado da cabeça, e pode vir acompanhada de náusea, vômito, indisposição, tontura e intolerância a luz e sons.
Entre as causas mais comuns estão o estresse, a alimentação inadequada, a ingestão exagerada de álcool, a privação de sono e certos medicamentos. O período menstrual também pode contribuir para a piora desse quadro.
Estudo inglês com cães foi publicado em 2013
Cientistas já observaram e conseguiram induzir sinais de enxaqueca em cães, gatos, camundongos e outros animais.
Mas nenhum experimento conseguiu “explicar todas as características ou reproduzir todos os sinais clínicos de enxaqueca em pessoas”, segundo informações do estudo “Comportamento Episódico de Dor Semelhante a Enxaquecas em um Cão: Cães Podem Sofrer de Enxaqueca?”, publicado por veterinários ingleses em 2013.
A pesquisa comenta o caso de um cão que apresentava sinais de enxaqueca, como náusea, sensibilidade à luz e dor em episódios, e não respondia ao tratamento convencional para cefaleia.
O animal só melhorou após receber topiramato, medicação citada pelos pesquisadores como uma alternativa para mitigar enxaqueca em humanos.
O trabalho argumenta que a enxaqueca em humanos só começou realmente a ser levada a sério nas últimas décadas. Já a pesquisa em animais é mais complexa e está muito aquém do ideal.
Gatilhos são diferentes nos bichos
Dois especialistas dizem que as causas para a dor de cabeça nos animais costumam ser diferentes daquelas vistas em seres humanos. Ambos dizem desconhecer estudos sobre o assunto em animais.
“Não há, no momento, indícios de que os animais sofram de cefaleia de origem tensional ou hereditária [genética], como ocorre nos humanos”, diz o professor Luiz Roberto Biondi, coordenador do curso de medicina veterinária da Unimes (Universidade Metropolitana de Santos – SP).
Paula Mayer, neurologista do Hospital Veterinário da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e especialista em cães e gatos, cita as três causas mais comuns para a dor de cabeça nesses dois tipos de animais:
- Infecções como a meningite, que afeta as membranas que revestem o cérebro;
- Traumas, como batidas ou pancadas;
- Tumores.
Hormônios não são um fator relevante, segundo ela.
Se já é difícil identificar enxaqueca nas pessoas, como os animais comunicam esses desconfortos?
“Os principais sintomas que podem sugerir cefaleia em animais é o andar desorientado, indisposição e, principalmente, comprimir a cabeça contra objetos ou obstáculos, como paredes”, explica Biondi.
O tratamento vai depender da gravidade do caso. “Não há medicação específica para animais na hora de tratar a dor de cabeça. Administramos os mesmos remédios dados aos humanos, como dipirona e anti-inflamatórios, mas com dosagem diferente”, afirma Mayer.
Ela diz que medicina complementar também tem papel relevante. “Acupuntura, terapia neural e ozonioterapia são exemplos de tratamento que podem diminuir o desconforto nos bichos.”
Fonte: UOL