O empoderamento das mulheres ganha força no mundo — apesar de o público feminino estar longe de atingir o nível ideal de igualdade de gênero, principalmente no mercado de trabalho. Homens que ganham menos que suas esposas mentem o valor de sua renda, aumentando-a, quando respondem a pesquisas sobre renda familiar.
Essa foi a conclusão de um artigo publicado pelo Departamento do Censo dos Estados Unidos em novembro, segundo reportagem da The Economist. Os dados mostram que, quando as mulheres ganham 50% mais que seus companheiros, eles superstimam seus salários em 2,9%.
A proporção de mulheres que tem maior rendimento do que seus maridos aumentou acentuadamente nos Estados Unidos desde os anos 80. Em 1987, 18% delas eram as principais provedoras de famílias em que dois cônjuges trabalhavam. Em 2013, esse número saltou para quase 30%.
O maior acesso à educação é um dos possíveis motivos da ascensão feminina no mercado de trabalho, de acordo com a reportagem. Além disso, a queda na quantidade de vagas na indústria e a recessão de 2008 afetaram, particularmente, os empregos ocupados por homens.
No entanto, mulheres que ganham mais que seus maridos ainda sofrem consequências indesejáveis no relacionamento.
Um estudo realizado por Marianne Bertrand e Eric Kamenica, da Universidade de Chicago (EUA), descobriu que essas relações são mais propensas a terminar em divórcio.
Outro estudo realizado por pesquisadores em Cornell descobriu que homens que ganham menos que suas esposas são mais infiéis — assim como aqueles que ganham muito mais.
Os motivos para tais padrões? A pressão da sociedade para que as mulheres mantenham as normas tradicionais de gênero e a ideia de que os homens devem ser os principais responsáveis financeiros de uma família.
Ou seja, quando eles deixam de cumprir seus antigos papéis cobrados pela sociedade, sentem-se prejudicados em autoestima e posição social. Fora isso, também acham que perdem o respeito das mulheres.
Há, contudo, sinais de mudanças positivas neste cenário. Um estudo descobriu que a probabilidade de divórcio não aumentou para os casais com esposas com renda maior do que o marido que se casaram na década de 1990 ou depois.
Pesquisadores de Harvard também descobriram que, quando as mulheres sentiam que seus maridos com salários mais baixos contribuíam o suficiente com o trabalho doméstico, o casal era mais feliz no relacionamento.