E se parássemos de trabalhar um dia por semana?

E se parássemos de trabalhar um dia por semana

Muitos estudos costumam sair de laboratórios ou de professores ligados a universidades. Isso não quer dizer que empresas também não contribuam com bons – e úteis – insights de economia comportamental. Um exemplo é um experimento da Perpetual Garden, uma empresa da Nova Zelândia que administra fundos e planejamento imobiliário.

Existe uma grande discussão sobre como todo mundo pode ser mais produtivo no trabalho. Depois de ler um estudo a respeito da baixa produtividade no país, que sugeria que em média trabalha-se de fato apenas uma hora e meia por dia, Andrew Barnes, o fundador da empresa, se perguntava se a razão não seria uma jornada de trabalho longa demais.

Em fevereiro deste ano, Barnes comunicou aos 16 escritórios da empresa, reunindo um total de 250 funcionários, que durante seis semanas todos iriam trabalhar apenas quatro dias por semana. O empresário estava convencido de que equipe seria menos estressada e mais produtiva se trabalhasse menos.

O experimento deveria verificar se a alteração causaria alguma mudança no bem-estar e na produtividade da equipe. Mas, para nada dar muito errado, a empresa inteira se preparou durante um mês até o 5 de março passado, quando a nova semana passou a valer.

Jarrod Haar, professor da Auckland University of Technology, supervisionou os procedimentos. No final de 2017, ele entrevistou 155 empregados e 28 supervisores do escritório, verificando seu nível de satisfação com a vida, de stress e de compromisso com o trabalho. Ao final do teste, Haar repetiu as entrevistas com 183 funcionários e 34 supervisores.

Como resultado, um dia a mais de folga melhorou o bem estar relatado pela equipe, assim como a satisfação com a vida, a saúde e o lazer. O percentual de funcionários que se diziam estressados caiu de 45% para 38%. Além disso, quase 8 em cada 10 empregados agora achavam que conseguiam um equilíbrio maior entre vida e trabalho enquanto antes eram 5 a cada 10. O nível de confiança também aumentou.

Mas estes podiam ser resultados esperados, afinal as pessoas estavam trabalhando menos e tinham mais tempo para a família e o lazer. O que tinham a dizer os supervisores sobre a performance da equipe?

Eles viram uma leve mudança na produtividade em geral, mas uma grande melhora em alguns aspectos particulares, como a disposição dos subordinados para tarefas, pro atividade, liderança e criatividade. Também consideraram que a equipe estava mais confiante nos trabalhos do dia a dia.

O experimento chamou atenção mundial para a empresa. Todos se interessam, afinal, por novos formatos de trabalho. Em outubro a Perpetual Garden anunciou que, diante do sucesso do teste, adotou em definitivo a semana de quatro dias.

O experimento na Nova Zelândia sugere que muitos, quando obrigados a trabalhar demais, acabam não rendendo. Para ser mais produtivo, é a lição do experimento, talvez seja preciso um pouco mais de equilíbrio entre as exigências do trabalho e a vida.