A parceria com a provedora é estratégica devido à vasta clientela da Oi que compra acesso à fibra ótica para a instalação de câmeras de vigilância. A empresa brasileira poderá definir quais parceiros podem se interessar pela tecnologia da Huawei.
Além da Oi, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia e a prefeitura de Campinas, em São Paulo, testam a tecnologia.
A diferença das câmeras da Huawei para dispositivos tradicionais de vigilância é o alto grau de precisão no reconhecimento de objetos e pessoas e os alertas que o sistema dá ao controlador, aperfeiçoados por sistemas de inteligência artificial.
Ricardo Bovo, diretor da Huawei para soluções de segurança na América Latina, diz que a expectativa da parceria é a multiplicação do uso desse sistema no Brasil.
“Podem ser usadas em rodoviárias, portos, estações de metrô e locais com alto risco de assalto ou ameaças à segurança. No aeroporto, é possível detectar um objeto esquecido por uma pessoa; o sistema avisa automaticamente, sem precisar solicitar.”
Shenzhen, localizada no chamado Vale do Silício da China, de onde vem a Huawei, tem mais de 1 milhão de câmeras instaladas na cidade. Segundo o executivo, isso é mais do que o total instalado nos Estados Unidos.
As imagens capturadas pelas câmeras ficam armazenadas em um banco de dados na nuvem, de fácil acesso pelo controlador, seja a autoridade ou a corporação.
O sistema reconhece números parciais de uma placa de carro. Se a pessoa digitar 42, por exemplo, todos os veículos que contêm esses dígitos aparecem no monitor. É possível saber quantas vezes um automóvel ou uma pessoa visitou o local vigiado, com histórico de tempo indeterminado.
Em setembro, a Justiça determinou que a concessionária da linha amarela do metrô de São Paulo retirasse as placas de reconhecimento facial das estações por considerar ilegal a captação de imagens sem o consentimento das pessoas.
Em ação ganha pelo Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a Justiça entendeu que a empresa não poderia comercializar dados sobre o comportamento dos transeuntes com terceiros, ainda mais tratando-se de um serviço público como o transporte.
Devido ao regime autoritário da China, a privacidade não é uma preocupação como em outros países. No Brasil, a Huawei defende que o monitoramento público seja acompanhado de placas de aviso.
Há 20 anos no Brasil, a empresa também anunciou projetos de longo prazo durante a Futurecom. Com a Claro, fez uma parceria para transmissão 8K em rede 5G e, com a Vivo, testes de realidade virtual em 5G com foco no consumidor final.
A gigante desponta como uma das empresas do Made in China 2025, programa de desenvolvimento do governo chinês que busca, entre outras frentes, superar economias como a dos Estados Unidos na tecnologia avançada.