Na crise Apps de paquera viram alternativa na busca por emprego

Na crise Apps de paquera viram alternativa na busca por emprego

Está desempregado e tem um match novo no Tinder? Aí pode estar uma dupla oportunidade para você. Ao menos tem sido assim para muitos jovens que estão usando esse aplicativo e outros similares não só para flertar, mas também para conseguir uma oportunidade profissional.

O site Market Watch reuniu relatos de pessoas que, na falta de uma conexão íntima com o match, conseguiram o famoso job. O fotógrafo norte-americano Philip Van Nostrand, por exemplo, passou a ser procurado para trabalhos que pagam até US$ 10 mil depois de, em algumas conversas, começar a espalhar seu portfólio e falar sobre sua experiência na área.

“As pessoas sempre conhecem outra pessoa que precisa do serviço, e então elas me recomendam”, explicou o nova-iorquino ao site. Segundo ele, já foram pelo menos 10 trabalhos realizados nos últimos quatro anos. Com o tempo, as propostas passaram a chegar diretamente via Instagram, após as interessadas lerem a descrição do perfil de Philip.

Às vezes, a oportunidade vem mesmo involuntariamente. Foi o caso do sul-africano Jesse Rasoesoe, profissional de marketing que vive em Joanesburgo e não estava usando o Tinder para finalidades profissionais, mas uma acabou surgindo ainda assim.

“Ela viu meu perfil e disse que trabalhava no RH para uma empresa de marketing que precisava de alguém com meu perfil”. Começou então uma troca de e-mails e, no final, Jesse resolveu recusar a oferta – mas percebeu o potencial que existia ali.

Em uma indústria que já movimenta US$ 1,8 bilhão, os donos de aplicativos de relacionamento perceberam como a busca por emprego pode torna-los ainda mais atraentes. O Bumble, por exemplo, lançou um segmento específico chamado Bumble Bizz, para criar conexões profissionais entre os usuários.

“Aplicativos de encontro se tornaram um caminho bastante comum de encontrar pessoas profissionalmente. É uma forma confortável de chegar a conhecer novas pessoas”, aponta Alex Williamson, chefe de marca do app. Já executivos que atuavam no Tinder levaram a oportunidade a um novo empreendimento: o Ripple, plataforma que rivaliza com o Linkedin, que tradicionalmente é o local para esse networking profissional.

Essas separações entre ambientes de paquera e de busca por emprego acabam acontecendo porque essa a mistura entre ambos também traz problemas, eventualmente. Coach e terapeuta, Megan Bruneau lembra que, uma vez que uma pessoa ajuda a outra a conseguir o trabalho porque tem algum interesse amoroso nela, pode se sentir usada ou manipulada uma vez que o relacionamento termine.

Da mesma forma, quem não tem interesse profissional nenhum ao usar os aplicativos pode se sentir incomodado por eventuais propostas ou pedidos de indicação. Isso é ruim tanto para quem usa a tecnologia quanto para o próprio app, que, no cenário de grande concorrência atual, pode acabar perdendo uma grande quantidade de usuários.