Depois dos paraísos fiscais, agora é a vez dos paraísos das criptomoedas

Depois dos paraísos fiscais, agora é a vez dos paraísos das criptomoedas

Nos países, incluindo Bermudas, Malta, Gibraltar e Liechtenstein, autoridades aprovaram recentemente leis ou têm legislação em andamento para tornarem-se mais receptivas a empresas e projetos de criptomoedas. Os locais têm sido o destino dessas companhias que estão à procura de abrigo contra a incerteza regulatória nos Estados Unidos e na Ásia.

Em Malta, o governo aprovou 3 leis no dia 4 de julho com o intuito de que as empresas pudessem emitir facilmente novas criptomoedas e negociar as já existentes. Nas Bermudas, por sua vez, o legislativo aprovou uma lei este ano que permite que empresas iniciantes que façam ofertas iniciais de moedas, solicitem aprovação rápida ao Ministro da Fazenda.

“Somos 65 mil pessoas e pouco mais de 30km quadrados, mas temos uma economia muito avançada”, afirmou o premier de Bermudas, E. David Burt, em entrevista feita na Conferência de criptografia em maio, em Nova York, nos Estados Unidos. “Queremos posicionar as Bermudas como uma incubadora para esse setor”.

A competição por empresas de criptomoedas faz parte de uma corrida mais ampla dos governos para descobrir como abordar uma nova indústria que assumiu uma proeminência avançada no último ano. Tornar-se um centro de criptografia pode ser muito vantajoso do ponto de vista de empregos e receita fiscal.

No entanto, assumir este posto também acarreta alguns riscos. Hackers e golpes perseguem essa indústria em todos os lugares utilizando a tecnologia introduzida pelo Bitcoin, conhecida como blockchain. O serviço foi construído para possibilitar o envio de dinheiro sem a aprovação de agências governamentais ou instituições financeiras existentes. Além disso, as criptomoedas são instáveis, os preços da maioria estão despencando em 2018 depois de terem disparado em alta no ano passado.

A volatilidade e incertezas do mercado de criptomoedas intimidou alguns países e fez com que outros hesitassem em abraçar empresas que utilizavam essa moeda digital. Segundo reportagem do jornal americano The New York Times, o governo chinês, por exemplo, baniu as trocas e ofertas iniciais de criptomoedas depois de muitos cidadãos apostarem suas economias na moeda digital. As autoridades chinesas também interromperam as operações de várias criptomoedas esse ano. Isso aconteceu depois de uma das maiores bolsas licenciadas ter sido hackeada.

Nos Estados Unidos, o chefe da Securities and Exchange Comission, Jay Clayton, alertou que a maioria das empresas que arrecadaram dinheiro vendendo criptomoedas, provavelmente não seguiram a lei.

Todas essas medidas abriram caminhos para países menores promoverem um ambiente melhor, separados da iniciativa privada como em Porto Rico, para criar paraísos criptográficos. Além disso, uma série de iniciativas dos países já estão surtindo efeitos, com dezenas de empresas, incluindo a maior bolsa de valores do mundo, anunciando planos de abrirem escritórios nas pequenas jurisdições que aprovaram as leis.

Bermudas tem se destacado nesse cenário. Além de aprovar a lei para permitir a rápida aprovação das ofertas iniciais de moedas digitais, o território britânico ainda tem uma lei em andamento para iniciar as trocas de criptomoedas e serviços relacionados. As medidas atraíram Will McDonough, fundador de uma casa de criptomoedas chamada iCash. McDonough conta que decidiu se instalar pela ilha devido à experiência do local em finanças internacionais e da disposição do governo de estar sempre atento ao que as empresas têm a dizer.

O CEO do iCash já planeja levantar US$ 35 milhões vendendo tokens iCash para investidores no mundo inteiro, incluindo alguns dos Estados Unidos. Os tokes do iCash foram desenhados inicialmente como um método de pagamento para um site de jogos de azar online. A sede da empresa será na Flórida, nos Estados Unidos, mas o empresário diz que quer abrir um escritório em Bermudas.