Advent tenta recuperar o Walmart

Advent tenta recuperar o Walmart

A Advent injetou capital no Walmart Brasil que deverá superar R$ 1,9 bilhão, em três fases .

A operação foi feita por meio do Momentum Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia (FIP Momentum), um dos veículos de investimento da Advent. A informação está na ata da assembleia de acionistas realizada em 1º de agosto e publicada na semana passada.

No início deste mês, o fundo subscreveu um volume de ações equivalente a R$ 750 milhões. Outro montante, no mesmo valor de R$ 750 milhões entrará na empresa no prazo de um ano, em agosto de 2019.

Num prazo maior, três anos, serão investidos R$ 400 milhões. O aumento de capital será feito na Bompreço do Brasil Participações, novo nome comercial do Walmart no país. Procurados pelo Valor, Advent e Walmart não se pronunciaram.

Já se esperava aumento de capital na varejista, considerando o acordo assinado entre Advent e a rede americana, anunciado há dois meses. Uma das maiores redes de supermercados do país, Walmart tem 438 lojas no Brasil. A receita bruta em 2017 caiu 4,2%, em relação a 2016, para R$ 28,1 bilhões.

A Advent ficou com 80% da operação da rede no país e o Walmart, com os 20% restantes, mas a negociação não envolveu pagamento aos ex-controladores. Ficou acertado que os recursos seriam aplicados na própria operação, e seriam elevados. A longo prazo, deve ser o maior investimento já feito pela Advent na América Latina.

Os números publicados pelo Walmart nos EUA mostraram que a situação do patrimônio da varejista no país não era boa e aportes no negócios seriam necessários em algum momento. O grupo informou na semana passada que a venda das operações no Brasil gerou uma perda de US$ 4,8 bilhões no segundo trimestre fiscal do grupo, encerrado em 31 de julho.

No Brasil, segundo a ata da assembleia, foi aprovada a criação de um conselho de administração com cinco membros, e mandato de dois anos. No documento, são publicados três nomes: Patrice Philippe Etlin, sócio-diretor da Advent; Wilson Lourenço da Rosa, diretor da gestora; e Enrique Ostale Cambiaso, presidente do Walmart na América Latina, Reino Unido e África.

Além disso, em outra ata deste mês, são informadas mudanças de cargos na empresa. Já começou a ser feita a troca de executivos na rede, dias após a chegada do novo executivo-chefe, Luiz Fazzio, no cargo desde o início de agosto.

Fazzio já trouxe Davi Ponciano Lima (ex-Quero-Quero, varejista da Advent) para a posição de diretor financeiro, Fernando César Lunardini, para o cargo de diretor executivo de transformação, e Ana Paula dos Santos, para a diretoria de recursos humanos.

Já há movimentação no Walmart por conta de executivos buscando posições fora da varejista, após a chegada de Fazzio. Na semana passada, o presidente de uma grande rede varejista, rival do Walmart, recebeu seis contatos de executivos de primeiro e segundo escalões da concorrente que avaliam sair da empresa, apurou o Valor.

Uma reorganização societária foi montada pela companhia para a venda do controle da operação no país, que envolveu a contratação da Apsis Consultoria para a avaliação das empresas ligadas à WMT Brasilia. A WMT, com sede em Luxemburgo, era a detentora do capital da varejista no país.