Enquanto o Facebook está tentando salvar a sua imagem após o escândalo com a Cambridge Analytica e a Apple está posicionando a privacidade como “um direito humano fundamental”, o Google está caminhando em uma linha fina entre proteger e registrar/analistas os nossos dados. A gigante de buscas não esconde a importância dos dados nos seus projetos de IA e ML. Apesar de existirem ferramentas disponíveis para limitar isso, a companhia também não as anuncia exatamente.
Ao contrário da Apple, que coloca uma barreira clara entre os usuários e a empresa, a Google é aberta sobre a quantidade de dados que utiliza. Quase todo produto e recurso demonstrado pela companhia de Mountain View durante o I/O era o resultado direto da maneira pela qual os consumidores já usam os produtos da gigante. A não ser que surja algum escândalo do nível do ocorrido com o Facebook e a Cambridge Analytica, a coleta de dados de todas as formas não irá acabar no Google.
Por isso, a não ser que queira banir o Google completamente da sua vida, então você terá de renunciar a um certo grau da sua privacidade.
Muita gente recebeu um e-mail do Google na semana passada sobre como “melhoramos a maneira como descrevemos as nossas práticas e como explicamos as opções que você tem para atualizar, gerenciar, exportar e apagar os seus dados”. Isso aconteceu por conta da nova regulamentação GPDR (General Data Protection Regulation), da União Europeia (EU), que entra em vigor na próxima semana e é uma bem-vinda extensão da transparência da companhia. Mas não se deixe enganar. O Google não fará nenhuma mudança de verdade nas suas práticas de privacidade. Em vez disso, a companhia vai passar o ônus das próprias mãos para os usuários, e nos dar uma escolha difícil no processo.
Privacidade como um direito e como uma escolha
Foram feitos muitos questionamentos após o Google demonstrar o Duplex na keynote do I/O, e com razão. Pela primeira vez (fora de um filme de Hollywood, pelo menos), o público presenciou um bot de IA ligando para um estabelecimento e interagindo com uma pessoa do outro lado da linha – para marcar um horário no salão de beleza, neste caso. Se o CEO Sundar Pichai não tivesse avisado que era o Google Assistente fazendo a ligação, pouca gente na plateia teria notado. A ferramenta usou padrões de fala e até “tiques” verbais. O assistente respondeu a perguntas e ainda trocou gracejos com a atendente no telefone. Resumindo: a IA do Google teve uma conversa real e humana com outra pessoa.
Não há nada perto disso em Inteligência Artificial saindo da Apple, e duvido que a conferência WWDC 2018, que começa em junho, vai mudar algo neste sentido.
Deixando de lado os perigos de um potencial uso mal-intencionado da tecnologia, o Google Duplex (imagem abaixo) não seria possível sem todos os dados que o Google coleta dos usuários. Mas ele também exige uma postura mais solta em termos de privacidade por parte do usuário para operar.
Fonte: IDGNow!