Os representantes das empresas que fabricam drones (aeronaves de pilotagem remota) para uso pessoal e comercial e as autoridades ainda buscam um consenso sobre a expansão das operações de drones e a proteção da segurança pública.
O assunto ganhou atenção depois de uma suposta tentativa de assassinato contra o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 4, em Caracas.
Segundo autoridades do país, dois drones carregados com cerca de dois quilos de explosivos plásticos ameaçaram o presidente. Ele escapou ileso, mas sete soldados foram feridos.
O incidente representa “a primeira ocasião, fora de uma zona de guerra, em que uma organização empregou um drone como arma” para tentar um ataque, disse Pete Cooper, ex-especialista em segurança cibernética do governo britânico e hoje consultor em Londres.
Para ele, o atentado pode servir como catalisador para que “outros grupos, que podem ter considerado um ataque desse tipo, mas descartaram a possibilidade”, agora “retomem a ideia”.
Na opinião do especialista, “a regulamentação ajudará, em alguma medida”, mas sistemas mais pró-ativos, projetados para localizar e neutralizar drones, são essenciais para a proteção.
Brendan Schulman, presidente de políticas públicas e assuntos legais da SZ DJI Technology, da China, maior fabricante de drones comerciais do mundo, disse que o ataque na Venezuela é um alerta claro ao setor sobre a necessidade de medidas de segurança.
“Não creio que isso impedirá o progresso dos drones”, disse. Porém, “deve provocar uma aceleração” e “destacar a importância de implementar soluções de identificação remota”, que “darão às autoridades mais capacidade de rastrear drones no ar e identificar a posição de seus operadores em terra”.
A identificação remota é uma das medidas de segurança mais consideradas. Esse sistema –que representa um desafio tecnológico considerável– é o principal obstáculo à expansão das operações comerciais de drones.
No país, onde o debate esquentou nos últimos anos, propostas para regulamentar sistemas remotos de identificação devem ser divulgadas até o segundo trimestre de 2019. Até lá, a discussão sobre as limitações propostas ao uso de drones, como uma altitude máxima de voo de 120 metros, deve continuar.
Há meses o governo Trump pede ao Congresso uma autoridade para abater ou desabilitar drones potencialmente perigosos, mencionando, entre outras preocupações, a facilidade com que terroristas poderiam adquiri-los e transformá-los em armas.
Como medida provisória, agências federais americanas declararam zonas de exclusão de voo para os drones no entorno de instalações militares, usinas de energia, instalações de armas nucleares e edificações do governo. Fabricantes já desenvolvem aparelhos com restrição a essas áreas.
“Se a sociedade e o governo vierem a confiar em que as zonas de voo restrito são suficientemente seguras, o setor poderá crescer de maneira significativa”, disse Tim Bean, cofundador e presidente-executivo da Fortem Technologies, startup que oferece tecnologias de detecção e combate a drones, a governos e clientes empresariais.
Em maio, senadores apresentaram um projeto de lei que conferiria poderes a um departamento governamental para proteger edificações em caso de risco. A União Americana pelas Liberdades Civis se opôs, alegando que o projeto conferiria poderes amplos demais ao governo.
A indústria mundial de drones cresceu muito nos últimos anos: de 500 mil drones para uso pessoal e comercial em 2014 a mais de três milhões em 2017.