Será que vale a pena acreditar nas verdades absolutas?

Será que vale a pena acreditar nas verdades absolutas.

Depois da fala da nossa nova Ministra dos Direitos Humanos, Família e da Mulher, voltamos a enxurrada de postagens dicotômicas nos feeds de todo o Brasil. Se grande parte das publicações escolhia um dos lados, outra tão significativa quanto mostrava como não existem lados.

Ainda que seja muito emocionante e facilmente envolvente torcer para o lado certo (o bem) e lutar contra o lado errado (o mal), essa realidade só existe nas novelas. Os binários, sistema em que tudo se representa com base em dois números distintos, só existem na computação digital. Até mesmo isso, quando se trata de computação quântica, já possui novas possibilidades a partir do qbit.

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Quando nos fechamos em certezas absolutas, quando acreditamos que existe bem ou mal, radicalizamos pensamentos e atitudes em favor de algo sem substância verdadeira. Algo fluido que pode mudar a partir de outros pontos de vista.

Não é à toa que o conceito de pós-verdade se tornou tão fundamental (e perigoso). Na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. Algo que aparenta ser verdade se torna mais importante do que a verdade em si.

Esse tipo de pensamento radical e dicotômico tem gerado consequências desastrosas em nossa política e, em níveis menores, nas relações humanas. Não tem coisa melhor do que sentar para conversar com alguém que está tão disposto a te ouvir como você. Que não está apenas te escutando para que possa encontrar argumentos e provar seu ponto, mas crie um canal de diálogo aberto, enriquecedor.

Ao abrirmos nossa mente para ouvir e compreender o outro, nos permitimos desenvolver melhor nosso raciocínio lógico, testar novas proposições, criar conceitos mais profundos e voláteis. É com essa característica de fluidez, complexidade e exponencialidade que a tecnologia vem quebrando paradigmas.

Mesmo que se prove a existência de algo em determinada forma, nunca paramos de buscar novas possibilidades, de testar combinações, ir além do que está posto. A era digital, do tech e da informação nos prova todos os dias que algo que parece absolutamente certo em um momento, pode se transformar completamente em outro.

Um exemplo claro disso são as mudanças possibilitadas por tecnologias emergentes como a inteligência artificial, internet das coisas, aprendizado de máquina, impressão 3D e outras. Com grandes investimentos e muita gente trabalhando junto, cada novo minuto é uma chance de que essas soluções possam ser implementadas para cenários diferentes da vida e transformem nossa maneira de experimentar o mundo.

As incertezas da vida podem parecer assustadoras em um primeiro momento, mas se tornam libertadoras depois que percebemos o quanto estamos aprisionados e distantes por conta de nossas certezas.

Você não precisa escolher entre azul e vermelho. Você pode criar para si e para os outros uma aquarela inteira.

*Camila Achutti é CTO e fundadora do Mastertech, professora do Insper e idealizadora do Mulheres na Computação