Antes de começar a investir, é sempre importante ter em mente que a disciplina é essencial para a realização de qualquer sonho. Cada tijolinho (o dinheiro investido), somado a uma boa argamassa (que são os juros compostos trabalhando a seu favor), fará com que a cada mês você esteja mais próximo de construir o estoque financeiro necessário para a realização da troca do carro, a compra da casa, a viagem de férias, a faculdade dos filhos e, porque não, a tão almejada aposentadoria. Por essa razão, sempre dizemos que o investimento nunca pode ser uma sobra do orçamento, mas sim uma conta para se pagar todo mês para a pessoa mais importante que existe neste mundo, que é você mesmo!
Uma atenção especial ao iniciar qualquer aplicação financeira, independentemente do seu valor, é verificar se já não existem compromissos financeiros assumidos anteriormente que tenham resultado na adição ao orçamento doméstico de desembolsos para o pagamento de juros do cheque especial ou rotativo do cartão de crédito. Tudo isso porque é quase que impossível conseguir rentabilidades superiores às taxas que são cobradas por estes instrumentos de crédito citados e o melhor investimento para quem tem dívidas é sempre quitá-las! Vale lembrar que ainda vivemos em um país com uma das mais maiores taxas de juros do mundo e, antes de começar a investir, é importante equilibrar o orçamento e quitar as dívidas de consumo que lhe tenham trazido qualidade de vida no passado, mas que resultam em pagamentos no presente, por não terem sido tão bem planejadas.
Se não possui dívidas, você pode começar a criar o seu colchão financeiro desde já, que nada mais é que a sua reserva financeira para situações de emergência, investindo em ativos que tenham boa liquidez imediata, em um montante nunca inferior a 6 meses de suas despesas mensaisUm ponto importante que o pequeno investidor deve ter em mente é que, além da disponibilidade financeira mensal, o tempo que os recursos ficarão aplicados também é muito importante. E diferentemente do que muitas pessoas imaginam, nem sempre uma situação emergencial significa algo ruim. Por exemplo, se você é convidado para um casamento de um grande amigo ou amiga fora do seu estado e precisa comprar o presente, as passagens aéreas e se hospedar, possuindo um valor planejado para uma “emergência” positiva, você poderá fazer uso desta sem utilizar recursos de terceiros, como o cheque especial.
Como alternativa para a aplicação da reserva de emergência, há a própria Caderneta de Poupança, além de outras possibilidades, como as apresentadas pelo Tesouro Direto, que disponibiliza, a partir de 1% do valor do título integral (atualmente próximo de R$ 100), a aquisição de títulos públicos atrelados à taxa básica de juros – taxa Selic, que vem despertando o interesse de muitos pequenos investidores que buscam melhores retornos para seu suado dinheiro. Um ponto importante para que consiga fazer jus dos rendimentos da Poupança é de que permaneça até a data de aniversário do depósito, sendo que o resgate efetuado antes dos aniversários está sujeito a perda de rendimentos da quantia retirada.
Vale salientar que, com a regra da Caderneta de Poupança de 04 de maio de 2012, que estabelece que o rendimento está limitado a 70% da Selic + TR quando a Selic estiver igual ou menor que 8,5%, para atuais níveis da taxa Selic, o investidor não terá mais valores acima de 6,17% ao ano como no passado.
Já o Tesouro Selic pagará uma taxa em torno de 100% da taxa diária Selic, mas haverá o custo de 0,30% a.a. referente à custódia mais IR no momento do resgate, que pode variar de 22,5% a 15% sobre o rendimento, além da taxa que a instituição escolhida para a aquisição de títulos públicos poderá cobrar. Ressaltando que algumas instituições habilitadas não cobram essa taxa. Você poderá consultar o site do Tesouro Direto em: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-instituicoes-financeiras-habilitadas.
Agora, se o seu horizonte é de médio prazo, com uma aplicação inicial maior, você pode ter acesso a fundos de investimento com gestores conceituados e com a mesma disponibilidade financeira mensal de R$ 500.
Para a escolha do fundo, será necessário que haja a análise do seu perfil como investidor, pois somente dessa maneira você poderá direcionar seus recursos para os fundos de investimentos adequados ao seu perfil de tolerância a risco e aos seus objetivos.
Por fim, se o objetivo é de longo prazo, essa disponibilidade financeira poderá contar com os títulos públicos atrelados ao IPCA (índice de inflação oficial do governo), como o Tesouro IPCA+, protegendo o dinheiro monetariamente ao longo do tempo, até a criação do estoque financeiro necessário.
Ou mesmo poderão ser utilizados os Planos de Previdência, que vêm se aprimorando após a resolução 4.444 aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), a qual possibilita aos fundos de previdência privada se diversificarem e aplicarem seus recursos em renda variável em até 70%, e não mais o limite de 49%. Somado a isso, estão as vantagens de não possuírem o come-cotas, que é uma antecipação do recolhimento do Imposto de Renda; muitos já não mais cobram a temida taxa de carregamento que representava uma espécie de pedágio para os aportes realizados; há a escolha livre de beneficiários e a possibilidade de débito automático mensal. No entanto, para alocar recursos na Previdência, será muito importante avaliar qual o produto (se PGBL ou VGBL), o regime tributário (se progressivo ou regressivo), a política de investimento mais adequados para você, além das taxas de administração e carregamento.
Diante disso tudo, invista primeiro na sua educação financeira, conhecendo não somente como os produtos financeiros funcionam, mas também tenha muito claro seus objetivos, assim como o prazo para a realização de cada uma de suas conquistas. E saiba que, nas finanças comportamentais, vale muito mais saber o investidor que você é do que o investimento que você faz.