Firefox inicia testes para bloquear códigos de mineração de criptomoedas

Firefox

O Firefox anunciou que as versões de testes do navegador agora incluem uma função para bloquear códigos de rastreamento na web e outros componentes que são executados nos “bastidores” do site sem beneficiar a navegação, como é o caso dos serviços que mineram criptomoedas na web. Os bloqueios devem chegar à versão uso geral do navegador em partes: primeiro em outubro de 2018 e depois em janeiro de 2019.

Diversas justificativas foram apresentadas para a adoção das medidas:

Ganho de desempenho. Um estudo da Ghostery, uma extensão popular de proteção de privacidade, estima que 55,4% de todo o tempo necessário para carregar uma página se deve aos rastreadores de terceiros que são embutidos na publicidade. Bloquear esses códigos deve fazer com que as páginas carreguem mais rapidamente.
Privacidade. A medida deve aumentar a privacidade de quem usa o Firefox. Segundo a Mozilla, boa parte das pessoas não entende como funciona o rastreamento na web e poucos imaginam que existem serviços de rastreamento que acompanham cada visita e compra feita on-line.

Medida “educativa”. Bloquear o rastreamento e códigos prejudiciais à navegação, segundo a Mozilla, é uma atitude semelhante ao bloqueio de pop-up que foi adotado em 2004, fazendo com que anunciantes compreendessem que pop-ups eram prejudiciais para a experiência dos usuários durante a navegação.
Também serão bloqueados métodos alternativos que identificam um usuário mesmo quando ele realiza bloqueio de cookies e outros recursos do gênero. Anunciantes agressivos usam esses métodos para desrespeitar a decisão do usuário de não ser rastreado na web. Em 2016, a Mozilla removeu a possibilidade de sites receberem informações sobre a bateria de notebooks porque o recurso, que foi idealizado para que sites otimizassem seu consumo de energia, podia identificar o internauta.

O Firefox é usado em 10,97% dos acessos em computadores, segundo a Statcounter. No Brasil, o navegador é usado por 6,77% dos internautas. Contabilizando os acessos em celulares, a participação do Firefox no Brasil cai ainda mais: 4,94%. O navegador chegou a ter 20% do mercado em 2008, quando o Chrome, o navegador mais usado atualmente, foi lançado.

Navegador ‘decide’ pelo internauta?

Os navegadores já incluem uma opção chamada “não rastrear” que “informa” aos sites o desejo do internauta de não ser rastreado. Esse recurso não é acompanhado de nenhuma medida técnica por parte do navegador, o que permite ao site simplesmente ignorar o pedido e prosseguir com o rastreamento. Esse recurso vem desativado nos navegadores.

Anunciantes argumentaram que os internautas devem realizar uma ação consciente de ativar o “não rastrear” para que o bloqueio possa ter validade e ameaçaram não honrar o recurso se ele viesse ativado na instalação, o que levou os navegadores a manterem o recurso desativado.

A atitude da Mozilla reverte essa postura e tem potencial para criar um diferencial do navegador com relação ao Chrome, que é desenvolvido pelo Google. O Google teve 85% de sua receita com publicidade no primeiro trimestre de 2018. A rede de publicidade do Google, por estar presente em muitos sites, consegue coletar dados extensos sobre os hábitos de navegação de cada internauta usando o tipo de rastreamento que o Firefox pode acabar bloqueando.

Mesmo que o Google não seja bloqueado de forma direta pelo Firefox — algo que só poderá ser confirmado quando o recurso for finalizado –, certos anúncios veiculados pelo Google incluem rastreadores próprios que dificilmente vão escapar.

Com o bloqueio sendo realizado pelo navegador, é possível que algumas redes de anúncio se recusem a aceitar o bloqueio e tentem burlar as proteções adotadas pelo Firefox, exatamente como aconteceu quando foram adotados os primeiros bloqueadores de pop-up.