Recentemente Tim Cook levantou novamente a questão que próxima geração poderá não saber mais o que é dinheiro em espécie, graças a evolução de sistemas de pagamentos como o Apple Pay e concorrentes.
“Seus filhos não saberão o que é dinheiro!”
O grande problema ao fazer tal declaração é subestimar o valor do dinheiro. Diferente de números em uma tela ou cartões virtuais, dinheiro é prático e aceito por todos em qualquer situação. Imagine uma queda de sistema ou de energia, onde nem seu cartão de crédito vai salvar o dia (ninguém mais possui aquelas tranqueiras que tiravam cópias carbonadas deles). E essa é apenas uma possibilidade.
Consideremos outro cenário: países em desenvolvimento. Tirando o Apple Pay que só vai rodar em smartphones superfaturados e olhando para soluções do Google, mais acessíveis em dispositivos de entrada, é possível considerar tais dispositivos como uma forma de facilitar compra e venda, mas tudo depende de um sistema rodando em todo lugar e compatível. E não falo do Brasil, onde implantar tal serviço é viável. Vejamos países da África ou do Oriente, o dinheiro digital terá apelo suficiente para suplantar o real?
Importante levar em conta também a questão da segurança. Dinheiro real não pode ser rastreado facilmente, já operações digitais são mais fáceis de serem puxadas por quem quer que seja. O cara que solicita os serviços de uma dama que troca favores por dinheiro vai querer deixar uma brecha para a mulher descobrir (não esqueçam do caso Ashley Madison)?
Enfim, embora seja mais possível de acontecer em países desenvolvidos ou em desenvolvimento com sistemas bancários decentes (como o nosso, culpa da inflação galopante de décadas atrás) eu não vejo um cenário em que o dinheiro em espécie deixe de existir de uma hora para outra, até porque na pior das hipóteses é sempre bom ter opções.