Alerta: Há mais informações disponíveis sobre você no seu telefone do que na sua casa

Há mais informações disponíveis sobre você no seu telefone do que na sua casa

Enquanto a imagem do Facebook parece ficar cada vez mais arranhada, a Apple aproveita para reforçar a mensagem de que é exceção num setor que cada vez mais se aproveita dos dados dos usuários. “Eu vejo a privacidade como uma das questões mais importantes do século 21”, disse Tim Cook, CEO da Apple, em entrevista à Vice. “Nós estamos num estágio agora em que há mais informações disponíveis sobre você online e no seu telefone do que na sua casa. (…) Nós levamos isso muito a sério.”

Sem citar o nome do Facebook ou do Google, Cook atacou o modelo de negócio dessas companhias. “A gente (Apple) não lê seus e-mails. A gente não lê suas mensagens. Você não é nosso produto. A gente não está construindo um perfil digital seu e, assim, permitindo outras companhias a comprar a oportunidade de atingir vocês. Esse não é o nosso negócio.”

“Mas, se você não usa essa massa de dados para melhorar os serviços da Apple, você não vai ficar para trás em relação a seus competidores?”, pergunta a reportagem da Vice, indagando se isso não poderia resultar, por exemplo, numa Siri pior do que uma Alexa (a Siri já é considerada no mercado uma assistente virtual menos habilidosa do que as concorrentes). Cook defende que as empresas que dizem precisar de todos os seus dados para entregar um serviço melhor estão mentindo. “Qualquer pessoa que esteja falando isso para você… Isso não passa de uma mentira.” O executivo diz que a Apple tenta manter o maior número possível de informações no aparelho. “Porque a gente conta que o aparelho seja inteligente (para você).”

Não é a primeira vez que Tim Cook defende com tanta ênfase a privacidade ou ataca as colegas do Vale do Silício. Quando veio à tona o escândalo da Cambridge Analytica, consultoria que usou de forma indevida dados pessoais de cerca de 87 milhões de usuários do Facebook, o executivo da Apple criticou a forma como a rede social faz dinheiro. Em entrevista à Vox, em abril deste ano, ele afirmou que a Apple poderia conseguir “muito dinheiro” se o cliente fosse seu “produto”, o que a empresa “escolheu” não fazer. Questionado sobre o que faria se estivesse na situação de Mark Zuckerberg, o fundador e presidente do Facebook, ele disse: “Não estaria na situação dele”.

À Vice, ele assumiu que concorda com o argumento de que o setor de tecnologia deve ser regulado. “Eu não sou uma pessoa do tipo pró-regulação. Eu acredito profundamente no livre mercado. (Mas) Quando o livre mercado não produz um resultado que é bom para a sociedade, você tem que se perguntar ‘o que nós precisamos fazer’. Eu acho que algum nível de regulação governamental é importante neste momento.”

Com esses repetidos discursos, o executivo finca o pé como o maior defensor da privacidade no grupo GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft). Com a mesma intensidade, no entanto, aumenta o escrutínio sobre a companhia. Qualquer deslize e… “Mas o que foi que você disse mesmo?”

 

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