Com nossa vida cada vez mais conectada, e os arquivos inseridos na nuvem, a segurança da informação vem passando por mudanças e se adaptando a cada novidade tecnológica. Segundo David B. Svaiter, veterano analista de sistemas, no futuro, os próprios sistemas operacionais serão capazes de fazer análises profundas de como o usuário acessa aplicativos, sites e documentos, de modo a aprender seus hábitos e, assim, certificar-se de sua identidade. Por exemplo, monitorar a velocidade com que usamos o teclado, os gestos com que manuseamos o mouse, verificar os sites e serviços que mais visitamos ao entrar na internet e, assim, garantir que a pessoa que está naquele computador ou terminal é de fato o usuário logado.
— Essa análise é feita em tempo real, então qualquer anomalia é comunicada imediatamente à equipe de segurança numa empresa, por exemplo — diz Svaiter. — Ela previne contra a entrada de bots (robôs maliciosos de software) no sistema e ajuda a coibir ataques.
Outra tecnologia que está a caminho do mercado é a criptografia quântica. Extremamente sofisticada e baseada na mecânica de partículas subatômicas, ela torna virtualmente impossível copiar dados codificados, pois o simples ato de observá-los muda seu estado físico. Como lida com maciças quantidades de informação, é uma ferramenta indicada para países, forças armadas e governos.
‘Dados adormecidos’
Segundo Svaiter, embora a computação em nuvem seja cada vez mais utilizada, a criptografia mais efetiva é usada nos chamados “dados adormecidos”. Ele pondera que a criptografia clássica forte precisa ser usada também nas informações trafegando em tempo real pelos ambientes de nuvem.
— O ideal seria, ao acessar um documento, não decodificá-lo dentro da nuvem, mas primeiro baixá-lo. Só aí, localmente, ele seria lido ou modificado e, depois, recriptografado e “subido” para a nuvem — explica o especialista.
Já a biometria de face 3D será uma evolução das conhecidas biometrias de digitais e íris. A tecnologia é baseada na leitura de pontos do rosto e reflexão da luz. Torna ainda mais segura a identificação positiva do usuário no computador ou smartphone, pois a precisão é muito maior.
— O coeficiente de erro nesse caso é de 3 a cada 10 mil análises, contra 2 ou 3 a cada 10 na biometria comum — afirma Svaiter.
A biometria de voz, por sua vez, é capaz de analisar as diferentes modulações vocais, a pronúncia pessoal de frases e palavras (não importa com que rapidez sejam ditas) e as características individuais da respiração, entre outros itens, aumentando a sofisticação da certificação da identidade.
Enquanto o aprendizado de máquina se vale de técnicas de estatística para fazer os sistemas ficarem cada vez mais proficientes em diferentes tarefas, a inteligência artificial reunida com esse aprendizado permite ao software tirar conclusões novas, não originalmente programadas, e, com isso, permitir a tomada de providências com maior eficácia.
Uso pela scotland yard
Uma curiosidade sobre a biometria foi seu uso recente pela Scotland Yard na captura dos dos russos — Alexander Petrov e Ruslan Boshirov — suspeitos de tentar envenenar o ex-espião Sergei Skripal em Salisbury em março passado. Com uma câmera de vigilância para cada 11 cidadãos, a Inglaterra usou softwares de alta precisão (capazes identificar uma pequena marca ou o jeito de andar de alguém) para vasculhar aeroportos, hotéis e ruas.
A polícia combinou a tecnologia de última geração com agentes especiais chamados “superidentificadores”, com memória fotográfica e capacidade de reconhecer traços únicos num rosto.