Mark Zuckerberg está na mira de alguns investidores do Facebook. Um grupo comunicou publicamente que gostaria que o CEO e cofundador da companhia deixasse a presidência do conselho. A proposta é simbólica, já que Zuckerberg detém controle do conselho, de acordo com estimativas da concentração do poder de voto.
Ao todo, quatro fundos públicos dos EUA expressaram o desejo de que o executivo deixe a cadeira principal do conselho. A proposta vem após repetidos escândalos envolvendo dados de usuários (como Cambridge Analytica ou o vazamento recente de milhões dos dados de milhões de pessoas), um processo em decorrência de distorções nos dados fornecidos a anunciantes sobre visualizações de vídeos, além da saída de fundadores de aplicativos adquiridos pela companhia, como WhatsApp e Instagram.
A ideia desses fundos, e que deve ser votada no próximo encontro de acionistas do Facebook, em maio de 2019, é que a presidência do conselho seja dada a alguém independente, em vez do próprio CEO. O pedido havia sido adiantado pelo site Business Insider em julho deste ano. Na ocasião, o fundo Trillium defendia a saída de Zuckerberg da presidência do conselho.
Agora, o coro aumenta. Os tesouros estaduais de Illinois, Rhode Island e Pensilvânia, todos estados norte-americanos, além de Scott Stringer, controlador fiscal de Nova York, dão força ao pedido. Juntos, eles controlam cerca de US$ 1 bilhão em ações da empresa.
As chances de que o pedido resulte na saída de Zuckerberg da presidência do conselho, porém, são baixas. Em 2017, uma proposta parecida foi rejeitada. Mas os próprios proponentes sabem disso. “Isso nos permitirá forçar uma conversa no encontro anual, e a partir de hoje até lá na ‘corte da opinião pública’”, afirmou Seth Magaziner, tesoureiro estadual de Rhode Island, em conversa com a agência de notícias Reuters.
O aumento do apoio a essa proposta mostra interesse entre acionistas de que haja uma mudança considerável na governança interna do Facebook. Um artigo de 2016, assinado por dois pesquisadores da Universidade de Stanford, analisa o movimento de separação entre o cargo de CEO e de presidente do conselho.
Um levantamento que acompanha o artigo mostra a tendência de separação entre as funções no passado recente. Os números mostravam que companhias do S&P 500 estavam deixando de permitir o acúmulo das funções. Na ocasião, metade das empresas tinha um CEO que também era presidente de conselho. O número era consideravelmente menor do que o que era observado há 15 anos, de 77%. Em 2005, o número chegava a 71%, caindo para 60% em 2010 e alcançando apenas metade das empresas em 2015.
Os pesquisadores afirmavam que, em teoria, a separação dos cargos traria benefícios de governança e de gerenciamento. O estudo, porém, mostrou que esses benefícios dependiam da ocasião e do momento da companhia.