Com uma simples decisão, em setembro do ano passado, Brian Acton deixou para trás US$ 850 milhões. Cofundador do WhatsApp, Acton deixava o Facebook antes do período que lhe garantiria ficar com o máximo possível de ações da rede social, segundo acordo firmado entre ele e Mark Zuckerberg. Pouco mais de três anos antes, o Facebook havia anunciado ter comprado o WhatsApp em um acordo de US$ 22 bilhões.
Depois de quase um ano da saída de Acton do Facebook, o fundador de um dos aplicativos mais populares do mundo falou à Forbes sobre o episódio e sua relação com o alto escalão da companhia, mais precisamente, com Mark Zuckeberg, CEO e cofundador do Facebook, e Sheryl Sandberg, chefe de operações da companhia e número 2 da empresa. À publicação norte-americana, Acton disse ter uma visão diferente daquela do Facebook sobre como monetizar o produto. “No final das contas, eu vendi minha empresa”, afirmou Acton à Forbes. “Eu vendi a privacidade de meus usuários por mais benefícios. Eu fiz uma escolha e um acordo. E vivo com isso todos os dias.
O WhatsApp foi construído por Acton e seu cofundador, o ucraniano Jan Koum (que também deixou o Facebook e cerca de US$ 1 bilhão em ações), sobre a promessa de que seria livre de anúncios. Mas faltou combinar sobre o assunto com o Facebook, que tem 98% de sua receita vinda da exibição de anúncios direcionados para usuários, de acordo com a Forbes. A reportagem da revista cita um episódio compartilhado por Acton que representa bem essa diferença entre as partes. O cofundador sugeriu um plano de cobrança após o envio de um determinado número de mensagens. Sheryl Sandberg foi contra. “Não vai escalar”, ela teria dito. Acton afirma que discordou dizendo que a ideia poderia funcionar, mas que acreditava que o que Sandberg queria dizer é que não ganharia tanto dinheiro quanto seria possível de outras formas.
“Eles são pessoas de negócios, são boas pessoas de negócios. Eles apenas representam um conjunto de práticas, princípios, ética e políticas com as quais eu não concordo necessariamente”, diz Acton à Forbes.
A reportagem da Forbes é a primeira de Brian Acton desde que deixou o Facebook. A publicação traz uma desconfortável coincidência para a rede social. Ela é publicada na mesma semana em que os dois fundadores do Instagram, o brasileiro Mike Krieger e o americano Kevin Systrom, anunciaram que estão de saída da companhia. Com isso, os fundadores do que são as principais aquisições do Facebook em termos de produto escolheram deixar a companhia.
É claro que as situações são completamente diferentes. Krieger e Systrom estão deixando a empresa após um período muito mais longo (a compra do Instagram pelo Facebook foi anunciada em 2012 por US$ 1 bilhão) e não estão abrindo mão de grandes somas de dinheiro. De acordo com o New York Times, porém, a saída da dupla que começou o Instagram também é motivada por descontentamentos por conta do estilo de comando de Mark Zuckerberg.
TAG