A startup Streetcred tem uma proposta inusitada para competir com o Google Maps: pagar aos usuários para mapear as localidades cobertas pelo app. Com um modelo baseado em blockchain, a empresa pretende usar a criptomoeda Ethereum para recompensar as pessoas que preencherem seus mapas com informações de pontos de interesse, como horários de funcionamento de um comércio ou atração turística.
A plataforma, que ainda não foi lançada, será de código aberto. Qualquer um poderá fazer download das informações depois que elas tiverem sido validadas. Essa abordagem promete ser interessante para pequenas e médias empresas, sobretudo após o Google ter aumentado os preços das APIs do Maps em até 1.400%, fazendo com que o custo dos mapas passasse de zero para até milhares de dólares, dependendo do produto.
A Streetcred arrecadou US$ 1 milhão (por volta de R$ 4 milhões) em financiamento por meio do Crunchbase, plataforma para que investidores encontrem projetos inovadores ao redor do mundo. No entanto, essa quantia é destinada às operações de desenvolvimento, não ao pagamento dos mapeadores. Para esta finalidade, a startup quer que grandes corporações famintas por dados – como a Apple ou a Niantic, criadora do Pokémon Go – patrocinem localidades que ainda não são bem mapeadas.
O atrativo para as empresas investidoras seria garantir informações atualizadas nas áreas para as quais pretendem expandir seus negócios. Isso porque, diferentemente do Google Maps e seus concorrentes atuais, o Streetcred se concentra exclusivamente nos pontos de interesse, não em trajetos. Por isso, a projeção é de que os colaboradores remunerados estarão sempre atualizando os dados, o que permitiria às companhias saber exatamente como funciona um comércio local antes de ir para a cidade, por exemplo.
Para testar o modelo de negócios, os desenvolvedores estão realizando uma competição em Nova Iorque em que usuários preenchem um mapa em branco com o máximo de informações possível, concorrendo a prêmios de US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) pagos em Bitcoin. A disputa está sendo feita através do app MapNYC, disponível para Android e iOS e restrito à cidade americana. “Esperamos que a renda possa ser similar a de dirigir um Uber”, disse o CEO da Streetcred, Randy Meech, em entrevista à Citylab.
Como o sistema ainda não foi lançado efetivamente, ainda há muitas dúvidas sobre seu funcionamento prático. O professor Abhishek Nagaraj, da Berkeley Haas, a escola de negócios da universidade da Califórnia, tem dúvidas sobre a disposição das empregas para pagar os colaboradores da Streetcred, tendo em vista que esses dados estarão disponíveis para todo mundo, inclusive seus concorrentes.
Via Citylab