A partir de hoje, o uso recreativo da maconha no Canadá é totalmente legal. O primeiro país de grande território e com uma das maiores economias do mundo a permitir o consumo da erva espera, com a medida, aumentar a arrecadação de impostos e aumentar o controle sobre a venda do produto, tomando medidas mais eficazes na saúde pública.
A nova lei permite a posse, cultivo e venda da erva entre adultos – a idade mínima considerada foi de 18 anos. Haverá limites rígidos para a propaganda, e alimentos contendo maconha, pelo menos inicialmente, continuam proibidos. Mas, mesmo com essas restrições, a expectativa é que um grande mercado seja formado em torno da maconha no país. Analistas ouvidos pela Bloomberg estimam que os negócios possam chegar a US$ 150 bilhões.
A distribuição será supervisionada pelo governo canadense, mas a operação fica a cargo das províncias e municípios, que podem escolher seu modelo de comercialização. Ou seja, ter apenas lojas estatais, conceder licenças ao setor privado ou misturar ambos os modelos.
Um relato da Bloomberg desse primeiro dia de vendas legalizadas descreve filas com mais de 100 pessoas em lojas espalhadas pelo Canadá, com clima de comemoração e outros comerciantes próximos aproveitando para distribuir cupons de desconto aos consumidores em cafeterias, por exemplo.
A Société Québécoise du Cannabis (SQDC), órgão governamental do Quebec responsável pela venda da maconha na província, prevê que até 150 lojas sejam abertas em seu território nos próximos três anos – hoje, há uma dúzia. Vice-presidente da entidade, Jean-Francois Bergeron diz que a província se prepara há seis meses para o momento, treinando funcionários e criando um processo logístico que dê conta da demanda.
Trabalhando apenas com a venda governamental, Quebec é a quarta província com o maior número de unidades de comercialização de maconha no Canadá. Fica atrás de Terra Nova e Labrador, que tem 22 estabelecimentos públicos e privados, Nova Brunswick, que tem 20 (apenas estabelecimentos públicos) e Alberta (públicos e privados), com 17. Ontario é a única província sem lojas físicas, tendo apenas comércio eletrônico neste momento inicial.
Como o consumo medicinal da maconha já era permitido no Canadá desde 2001, não é totalmente novo o ecossistema econômico em torno da erva no país. Mas, com a expectativa de crescimento exponencial desse mercado, empresas do setor já estão vivenciando ganhos significativos, chegando à casa dos 1000%, como mostra a Bloomberg.
Uma das líderes do mercado voltado a necessidades médicas, a Tilray aumentou seu valor em 800% desde seu IPO, em julho deste ano. Hoje, a empresa vale US$ 15 bilhões.
Comparando o valor atual das ações com a maior baixa obtida durante os últimos 12 meses, a Bloomberg encontrou várias empresas do mercado da maconha entre as que mais tiveram ganhos. A produtora TerrAscend, por exemplo, viu suas ações subirem 1400%. Já a Canopy Growth se aproximou dos 500% de ganho.