As impressionantes fazendas solares da China que estão transformando a geração de energia mundial

As impressionantes fazendas solares da China que estão transformando a geração de energia mundial

Ao sobrevoar o condado de Datong, é possível avistar pandas gigantes. Um até acena. Eles são feitos de milhares de painéis solares.

Juntos, e somados a outros painéis, eles formam uma fazenda de cem megawatts cobrindo 248 acres. Na verdade, é um parque solar até pequeno para os padrões chineses – mas certamente é patriótico.

“Ele está projetado e construído como a imagem do tesouro nacional chinês – o panda gigante”, explica um documento da Energia Verde Panda, empresa que ergueu a fazenda.

A China tem uma capacidade de geração de energia solar como nenhum país no mundo, uma gigantesca soma de 130 gigawatts. Com todos os investimentos que o Brasil vem fazendo no setor, o país ainda não tem capacidade para produzir nem 2 gigawatts (menos de 1% do total).

A China abriga muitas fazendas solares gigantes – incluindo a enorme unidade de Longyanxia, que produz 850 megawatts, no Planalto do Tibete; e a maior fazenda solar do mundo, no deserto de Tengger, com capacidade para produzir 1.500 megawatts.

Mercado gigante

Esses projetos custaram milhões de dólares – mas será que valeram a pena? E serão suficientes para garantir as metas de energia verde?

A China é o maior produtor de tecnologia solar do mundo, ressalta Yvonne Liu na Bloomberg New Energy Finance, uma empresa de pesquisa de mercado. “O mercado é muito grande”, ela afirma. “É como um política industrial para o governo.”

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De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), mais de 60% dos painéis solares são fabricados na China. O governo tem um interesse econômico claro, portanto, em garantir que haja grande demanda para esses equipamentos.

Além disso, ao aumentar os recursos de energias renováveis, as autoridades estão se dando um tapinha nas costas. Limpar a matriz energética chinesa é um objetivo fundamental de política pública. Quase dois terços da eletricidade do país ainda vêm da queima de carvão.

Não é de se espantar que as vastas e ensolaradas planícies do norte e noroeste da China tenham se tornado lar de fazendas solares gigantes. Há muito espaço para erguê-las, e o recurso solar é relativamente confiável. Além disso, sua construção vem avançando em ritmo alucinante. A IEA informa que a China cumprirá sua meta de capacidade de energia solar em 2020, três anos antes do previsto.

Deve haver outro incentivo por trás do impulso chinês de construir fazendas solares em regiões politicamente sensíveis. Nas últimas décadas, muitos observaram que a China tem encorajado o investimento em infraestrutura no entorno do Tibete – uma região autônoma que abriga muitos daqueles que rejeitam a reivindicação chinesa do território. Alguns argumentam que tal investimento tem motivação política – um esforço de cimentar a autoridade da China e apoiar a etnia chinesa que se mudou para essas áreas.

As impressionantes fazendas solares da China

Um empreendimento extraordinário usa painéis solares para aquecer uma rede subterrânea projetada para derreter a camada de gelo da permafrost, para que árvores cresçam na área. A ideia é tornar a região mais atraente para o estabelecimento de colonos chineses.

Geografia desfavorável

Mas a construção de fazendas solares gigantes no meio do nada tem suas desvantagens. Para entender o motivo, precisamos novamente olhar para China de cima. Em 1935, o geógrafo Hu Huanyong desenhou o que hoje é conhecido como o famoso “Hu Line”, do nordeste ao centro-sul da China. Ele divide o país em duas porções mais ou menos iguais. Menos igual é a distribuição da população. A grande maioria, ou 94%, vive na porção leste. O restante, 6%, no oeste.

“A distribuição da China de recursos de energia solar é totalmente oposta”, afirma Yuan Xu, da Universidade Chinesa de Hong Kong.

Muitos dos painéis solares do país, portanto, estão localizados longe das grande cidades que precisam deles. O resultado disso é um incrivelmente baixo “fator de capacidade” – a porcentagem de eletricidade que realmente é retirada de um determinado recurso.