O Ministério Público do Estado de São Paulo instaurou nesta segunda-feira (24/09) um inquérito contra o candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) após a Folha de S.Paulo mostrar que desapropriações em seu governo beneficiaram familiares.
Governador de São Paulo por quatro vezes, Alckmin assinou dois decretos que levaram a desapropriações de terrenos envolvendo familiares.
As medidas, editadas em 2013 e 2014, mencionam como proprietários Othon Cesar Ribeiro, sobrinho do tucano, e Juliana Fachada Cesar Ribeiro, hoje sua ex-mulher e mãe de seus quatro filhos, para a construção de uma rodovia em São Roque, a 70 km da capital paulista. Os decretos resultaram em ações judiciais de desapropriação.
Othon é filho de Adhemar Ribeiro (irmão de Lu), cunhado de Alckmin citado em delações como arrecadador de caixa dois para campanhas do tucano.
Além de aparecer nos decretos, o sobrinho é parte em um dos processos de desapropriação na Justiça que começou a tramitar em 2014.
Ele chegou a se apresentar em juízo ao lado da então mulher para tratar do assunto. Depois, em 2015, entrou com um pedido para ser retirado, alegando ser parte ilegítima pelo fato, segundo ele, de Juliana ser a proprietária e por eles serem, na época, casados no regime de separação total de bens. O juiz não o excluiu.
O promotor do MPSP Marcelo Milani pediu a abertura da investigação e deu um prazo de 20 dias para que Alckmin, o sobrinho e a concessionária se manifestem sobre as acusações.
Alckmin afirmou, por meio de sua assessoria, que não interferiu no traçado do contorno de São Roque e que é “descabida e ofende o bom senso” a ideia de que o processo de desapropriação foi conduzido “apenas para beneficiar parentes do ex-governador”.
O tucano disse também que assinou centenas de decretos de utilidade pública e de desapropriação, “todos eles amparados em pareceres técnicos dos órgãos responsáveis e em parecer jurídico da Procuradoria Geral do Estado”, segundo nota de sua assessoria.