O comércio eletrônico brasileiro faturou R$ 23,6 bilhões no primeiro semestre de 2018, alta de 12,1% ante os R$ 21 bilhões registrados mesmo período de 2017. O número de pedidos aumentou 8%, de 50,3 milhões para 54,4 milhões. O tíquete médio foi de R$ 433, aumento de 3,8%.
As informações são do relatório Webshoppers, produzido pela Ebit|Nielsen e divulgado nesta quarta-feira (29), na Fecomércio, em São Paulo.
Para a Ebit|Nielsen, a expectativa é que o comércio eletrônico feche 2018 com vendas de R$ 53,4 bilhões, alta de 12%, diante dos R$ 47,7 bilhões registrados em 2017.
O número de pedidos deverá crescer 8%, atingindo a marca de 120 milhões, e o tíquete médio pode ter alta de 4%.
Entre os principais motivos do crescimento estão o aquecimento financeiro de categorias com o menor tíquete médio, como perfumaria e moda.
Pedro Guasti, consultor de Negócios da Ebit, diz que a Copa do Mundo também contribuiu para o crescimento com a venda de TVs.
O maior acesso a smartphones também gerou impacto positivo no setor. O número de pedidos feitos por dispositivos móveis cresceu 41%. Das transações, 32% foram realizadas smartphones ou tablets.
“A estimativa é de que até 2020 50% das compras sejam feitas por dispositivos móveis, se não batermos isso antes”, diz Guasti.
Em volume de pedidos, o setor de “saúde, cosmético e perfumaria” representa 15% do mercado, seguido de “moda e acessórios”, com 14,5%, e “casa e decoração”, com 10,9%.
Já em volume financeiro, a categoria “telefonia e celulares” é responsável por 18,9% do faturamento, seguida de “eletrodomésticos”, com 17,9% e “eletrônicos”, com 11,2%.
Neste semestre, 4,5 milhões de novos consumidores fizeram sua primeira compra on-line, um crescimento de 15,6% diante do mesmo período do ano passado. No Brasil, são 27,4 milhões de consumidores ativos, aumento de 7,6% em relação ao primeiro semestre de 2017.
Apesar da predominância da região Sudeste (que tem 61,2% do mercado), a região Sul foi a que mais cresceu: 1,8 milhões de pedidos a mais do que no primeiro semestre de 2017, um crescimento de 1,8 pontos percentuais.
A faixa etária do comprador online brasileiro é de 43 anos. Houve aumento de interesse de pessoas até 24 anos neste semestre e um pequeno recuo de cidadãos acima de 50 anos.
DIGITAL COMMERCE
A categoria Digital Commerce do estudo inclui venda de produtos novos e usados (em espaços virtuais como eBay, Enjoei e Mercado Livre) de lojas a consumidores, de consumidores a consumidores e de serviços, como turismo, venda de ingressos e locação de veículos.
Em 2017, o volume financeiro foi de R$ 112,19 bilhões. A taxa de crescimento desse mercado foi de 19,9%.
O segmento de marketplace de produtos novos e usados registrou um crescimento nominal de 62,4% na comparação com 2016, movimentando R$ 47,7 bilhões.
O segundo setor que mais cresceu foi o de turismo online, com crescimento nominal de 17,8%, representando uma participação de 31% no volume financeiro. O segmento movimentou R$ 35,1 milhões.
Nessa pesquisa, não são contempladas as receitas de serviços como Uber e Ifood, por exemplo.
A Nielsen é uma empresa global focada na mensuração do mercado de consumos, presente em mais de cem países. Em agosto, a Nielsen comprou a Ebit, empresa com conhecimento em big data e especializada na mensuração da atividade de compra online.
PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS
Com paralisação de caminhoneiros, em maio deste ano, a Nielsen estima que o setor deixou de faturar R$ 407 milhões para comércio eletrônico.
“O resultado de 12% poderia ter sido muito melhor. Chegamos a bater 30% de queda no comércio eletrônico na comparação com a semana anterior à greve”, diz Guasti.
Segundo ele, as pessoas tiveram medo de não receber seus produtos e as lojas aumentaram muito o prazo de entrega.
“Demorou três semanas para o mercado retornar ao patamar anterior”, acrescenta.
A Fecomércio enxerga a tabela de frete como um problema “gravíssimo” e negativo para todos os setores da economia.
“Se a tabela for cumprida, há estimativas de aumento de 18% a 20% no preço do frete. Em algumas categorias, pode aumentar muito mais. Não é bom para ninguém”, disse Guasti, que é presidente do conselho de comércio eletrônico da Fecomércio.