Nos EUA já é uma fere! os polêmicos patinetes elétricos já circulam no Brasil, mais precisamente em São Paulo. De fato, esse mercado se tornou repentinamente competitivo.
São três as startups de patinetes na cidade: Ride, Scoo e Yellow, nenhuma delas está conectada às americanas Lime e Bird, que popularizaram o veículo lá fora.
A Ride foi a primeira a liberar seu serviço a qualquer usuário. O aplicativo da startup pode ser encontrado no site dela. Ao escrever essa reportagem, o app ainda não aparecia em buscas tanto na App Store, quanto na Play Store. Nesta semana de lançamento, era possível encontrar patinetes em três pontos da cidade: na esquina da avenida Faria Lima com a avenida Rebouças; na avenida Lima, número 64; e na praça do Imigrante Italiano.
Apesar de a Ride ser a primeira a lançar o serviço para valer, a Yellow foi quem fez os primeiros testes com as patinetes na cidade, restrito a funcionários de um prédio da capital paulista.
Já a Scoo iniciou a experimentação de seu serviço na região da Avenida Paulista, dando início a um período de testes com previsão de duração entre 30 a 90 dias.
“Começamos no dia 6, com as patinetes em um projeto-piloto. Então até acredito que fomos a primeira empresa a realmente oferecer as patinetes elétricas em São Paulo. Por enquanto, as patinetes estão funcionando em uma estação privada, no Pátio Malzoni”, afirmou Luiz Felipe Marques, diretor de marketing e comunicação da Yellow.
Com ou sem estações?
Outra diferença entre os serviços é adotar ou não o modelo chamado “dockless”, que é a liberdade de largar a patinete em qualquer lugar, sem a necessidade de uma estação. A Ride, por exemplo, seguirá esse modelo, porém dará recomendações de onde estacionar em seu app e funcionará das 7h às 20h. No rápido teste da reportagem, retiramos a patinete de uma estação, demos uma voltinha e a devolvemos no mesmo lugar.
A Scoo propõe algo misto, para não causar os problemas que surgiram nos Estados Unidos. Ela trabalhará com pontos fixos em estabelecimentos comerciais e pontos móveis, que serão uma plataforma que faz o carregamento e recolhe as patinetes em determinados pontos. O objetivo é fazer com que as unidades não sejam abandonadas em qualquer lugar.
Do outro lado do espectro está a Yellow, que ao menos por enquanto usará estações. “As patinetes precisam ser carregadas. Por isso, pelo menos no início da operação, nos parece o ideal (usar estações)”, afirmou Luiz Felipe, que explicou que a empresa planeja chegar a 20 estações particulares até o final de setembro e mil patinetes em circulação até o fim do ano.
O que as três empresas têm em comum é que as patinetes não serão de fabricação nacional. Todas confirmaram que as unidades virão de fora do país, sendo que a Scoo disse que tem um projeto de fabricação própria. Isso dependerá da demanda pelos serviços – a princípio, ela trará o veículo em uma parceria com a chinesa Xiaomi.
Preço variado
Uma característica dos serviços de compartilhamento de patinetes é que eles exigem um valor mínimo para o desbloqueio do veículo. Este será o método adotado pelas startups brasileiras, que propõem preços diferentes neste momento inicial. Dos modelos planejados, o da Ride é o que acaba sendo proporcionalmente mais caro.
Única operante para o público geral, ela cobra R$ 2,50 pela partida e 50 centavos por minuto – andamos por cinco minutos, que custaram R$ 5. O valor é proporcionalmente mais caro que o da Yellow, que exige o pagamento de R$ 4 pelo desbloqueio e R$ 1 para cada 5 minutos. Nos primeiros 5 minutos, Ride e Yellow se equivalem, mas dali em diante a Yellow é mais barata.
A proposta mais econômica, de longe, é a da Scoo.
“O valor do serviço será R$ 1 para desbloqueio da patinete elétrica, com autonomia de 4 minutos. A partir do quinto minuto será cobrado 25 centavos por minuto. Para você ter ideia, um deslocamento da Avenida Paulista (Consolação) até o Shopping Pátio Paulista dura cerca de 8 minutos”, explicou Mauricio Duarte, porta-voz da empresa, que deu como exemplo uma viagem que custaria R$ 2.
Lançamento para o público em geral
Se você está curioso para sair pela cidade se deslocando na velocidade de uma bicicleta, sem precisar se esforçar pedalando, fique sabendo que em setembro é bem provável pegar a patinete compartilhada da empresa de sua preferência. Se você quiser fazê-lo hoje, só a Ride está à disposição.
Essa é a janela de lançamento que as da Yellow a Scoo miram, porém esses planos são fluidos. A Scoo, por exemplo, trabalha com entre 30 e 90 dias de testes antes de suas patinetes chegarem ao público. Se a meta mínima for atingida, a população poderá usar os veículos ainda em setembro. Caso contrário, o serviço pode chegar só em novembro mesmo.
“O objetivo inicial é lançar em setembro, mas a data vai variar de acordo com os testes que estão feitos em questão de operação, logística, usabilidade e adesão”, explicou Maurício Duarte.
As projeções de expansão de estações da Yellow trabalham com uma versão pública a partir de setembro, sem data especificada, mas até a metade do mês.
Pode usar?
O trio se depara com um problema, que é a regularização desse tipo específico de transporte. Segundo a Ride, a legislação de trânsito brasileira permite o uso das patinetes em calçadas, ciclovias e ruas, porém há regras para cada via: na calçada, limite de 6 km/h; na ciclovia, 20km/h; na rua, só na ausência de ciclovia, ciclofaixa e calçada. A recomendação é andar nas ciclovias e ciclofaixas.
A Scoo se baseia “na Resolução nº 465, de novembro de 27 de novembro de 2013, que regulamenta as bicicletas elétricas”, enquanto a Ride admite conversas com a prefeitura, mas admite que não há previsão de regulação específica.
Sem a existência de uma legislação que trate disso, a Yellow não adotará o “dockless”, usado pela empresa em seu serviço de bicicletas. Enquanto isso, as patinetes da startup dos fundadores da 99 funcionarão com estações.
Em San Francisco (EUA), o modelo de patinetes sem estações foi suspenso e aguarda uma regulação das autoridades locais, que devem implementar um limite no número de veículos do tipo que circulam. Por aqui, as empresas são mais cautelosas do que Bird e Lime foram na capital tecnológica americana.
Ainda assim, a prefeitura alertou que a regulação é necessária. “Para que empresas privadas possam utilizar o espaço público, é necessário que estejam regulamentadas e possuam as autorizações necessárias para operar, principalmente por envolver um serviço que caracterize uma exploração comercial. Desta forma, entidades privadas que não estejam regulamentadas ficam impedidas de utilizar o espaço público para oferecer seus serviços”, disse, em comunicado .
Posição completa da prefeitura:
A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT) informa que não há regulamentação vigente para utilização do espaço público na implantação de sistemas de compartilhamento de patinetes na cidade de São Paulo.
A SMT ressalta que acompanha e analisa o cenário mundial de utilização de patinetes elétricos e está aberta ao diálogo com entidades que desejem discutir projetos de implantação que envolvam esse tipo de modal de transporte. A secretaria também oferece informações que possam contribuir para análises estratégicas ou para a modelagem de negócios, seja do ponto de vista das regulamentações existentes, seja em relação às políticas públicas que estão em andamento.
A Prefeitura ainda destaca que, para que empresas privadas possam utilizar o espaço público, é necessário que estejam regulamentadas e possuam as autorizações necessárias para operar, principalmente por envolver um serviço que caracterize uma exploração comercial. Desta forma, entidades privadas que não estejam regulamentadas ficam impedidas de utilizar o espaço público para oferecer seus serviços.