O homem mais rico da Babilônia

Com mais de dois milhões de exemplares vendidos no mundo todo, “O homem mais rico da Babilônia” tornou-se um clássico na área de finanças pessoais por trazer lições sobre como economizar e investir dinheiro.

A sabedoria transmitida pela obra é baseada nas práticas de sucesso dos antigos babilônicos, que embora sejam de uma época distante ainda são bastante úteis nos dias atuais, já que as leis que regiam o dinheiro há 6 mil anos seguem as mesmas, segundo o autor George S. Clason.

Os ensinamentos do livro têm sua raiz na questão geográfica dessa civilização, que possuía os homens mais ricos daquela época, mas que era pobre em recursos naturais, fazendo com que seus habitantes tivessem que desenvolver técnicas para superar esse fator limitante.

Assim, a obra traz conselhos para quem quer aprender a:

  • Buscar conhecimento e informação em vez de apenas lucro;
  • Não desperdiçar recursos durante tempos de opulência;
  • Manter a pontualidade no pagamento de dívidas;
  • Assegurar uma renda para o futuro;
  • E, sobretudo, cultivar as próprias aptidões, tornando-se cada vez mais consciente e habilidoso.

O livro é constituído por uma reunião de parábolas escritas pelo autor, sendo a primeira datada de 1926.

Impressas à época como panfletos sobre economia e finanças, tais histórias eram distribuídas em bancos, companhias de seguros e empregadores.

Por isso, rapidamente tornaram-se famosas e ícones dos ensinamentos sobre finanças, que perduram até os dias de hoje, como pode-se perceber pelo imenso sucesso que o livro alcançou.

No total, são 11 parábolas, cada uma com uma lição importante a ser aprendida. Vamos a elas!

Determinado dia, ele tem um sonho, no qual é rico e não se preocupa com nada mais além de gastar seu dinheiro da maneira que bem entender.

Entretanto, ao acordar do doce sonho, sua realidade amarga de pobreza o faz refletir sobre algumas questões.

Em meio ao seu devaneio, o seu melhor amigo Kobbi chega para pedir-lhe dinheiro emprestado e começa aí um diálogo recheado de reflexões.

Primeiro, Bansir analisa sua situação de miséria.

Mesmo tendo trabalhado arduamente por mais da metade de sua vida e morando na cidade mais próspera da época, ele não possui um único siclo (antiga moeda dos hebreus, de prata, cujo peso equivalia a seis gramas).

Tomado pelo sentimento de revolta, passa a dizer para o amigo como se sente por estar nessa situação.

Bansir observa uma fila de escravos do rei, maltrapilhos e carregando pesados recipientes de água para regar os jardins suspensos, e comenta com Kobbi que apesar deles dois serem homens livres não são muito melhores que aqueles que observam.

Chegam a essa conclusão ao se darem conta que suas vidas resumem-se a trabalhar incansavelmente, recebendo por seus esforços apenas o mínimo para sobreviverem.

Em determinado ponto da conversa, chegam a um consenso, eles precisam achar alguém que é rico e com ele aprender como se tornarem homens de posses também.

Lembram que conhecem um homem chamado Arkad, que é considerado o homem mais rico de toda Babilônia, e apesar de sê-lo continua humilde e acessível.

No meio desse diálogo, Kobbi fala algo de extrema relevância, tanto que reproduzirei integralmente:

“A riqueza de um homem não se acha na bolsa que ele carrega. Uma bolsa gorda fica logo vazia se não houver constante fluxo de ouro. Arkad tem rendimentos que conservam suas reservas sempre altas, por maior que seja a liberdade com que gasta dinheiro.”

Abro aqui um parênteses para ressaltar duas informações.

A primeira é o fato de que “aprender com quem já alcançou” é uma das maiores receitas para o sucesso financeiro, ensinada quase que unanimemente pelos especialistas em finanças.

O segundo ponto é que, assim como no livro Os segredos da mente milionária, essa parábola também ensina que o mais importante não é ter dinheiro e sim saber como consegui-lo, como gerenciá-lo.

A fala transcrita acima deixa isso bem claro.

Em seguida, Bansir tem a ideia de procurar Arkad e pedir-lhe conselhos financeiros.

Aqui, mais uma transcrição se faz de suma importância, na fala de Kobbi:

“Você parece verdadeiramente inspirado Bansir. Está me trazendo uma nova compreensão. E me fez perceber por que nunca encontramos ouro. Nós nunca o procuramos. Você trabalhou pacientemente para construir as mais sólidas carruagens da Babilônia. Para tal propósito, devotou seus melhores esforços (…) nas coisas em que aplicamos nossos melhores esforços tivemos êxito. Devemos aprender mais para prosperar mais. Com um novo entendimento, acharemos caminhos dignos para cumprir nossos desejos.”

A fala transcrita traz uma profunda reflexão, pois ao perceberem que estavam “no automático”, apenas trabalhando e sobrevivendo, buscaram uma forma de sair dessa situação.

Muitas pessoas passam a vida assim e nunca chegam a ter esse momento de lucidez financeira, de parar para se fazer os seguintes questionamentos:

  • O que estou fazendo para garantir meu futuro?
  • Para concretizar os meus sonhos?
  • Sou escravo do dinheiro ou ele trabalha para mim?
  • Como fazê-lo trabalhar para mim?

Esses foram os questionamentos que essa parábola trouxe para mim.

Talvez ela levante outros para você, entretanto, a lição que deve ser aprendida é que o comodismo pode levar-nos a uma situação de inconformidade e frustração profunda.



2. O homem mais rico da Babilônia

homem segurando moedas e cédulas de dinheiro na mão

Na segunda parábola, nos deparamos com a continuação da passada.

Bansir e Kobbi, juntamente com um grupo de amigos menos afortunados, vão até Arkad questioná-lo do porquê de apesar deles terem tido a mesma educação e terem participado do mesmo ciclo durante a infância e a adolescência, na vida adulta Arkad se destacou tanto em termos de riqueza e eles não?

Ao que o amigo rico respondeu:

“Se vocês não adquiriram mais do que uma pobre existência desde os tempos em que éramos jovens, isso se deve ao fato de que não conseguiram aprender ou não observaram as leis que governam a acumulação de riqueza.”

Arkad prossegue explicando que para os que não dominam os conceitos da acumulação de riqueza e não auferem sua fortuna por seus próprios esforços, o dinheiro pode fazer um grande mal, pois ou produz gastadores libertinos ou poupadores avarentos, perseguidos pelo medo de perder o que ganharam.

A terceira opção seria se tornar rico de forma rápida, como receber uma herança, conseguir multiplicá-la e continuar a ser feliz e pleno, mas essa última possibilidade é bem rara.

Nessa parte da narrativa, fica claro que o autor quer passar mais uma vez a mensagem de que aqueles que não possuem o conhecimento de como gerar o dinheiro, na maioria das vezes, não conseguem ser plenamente felizes e financeiramente saudáveis, pois ou estão gastando de forma descontrolada (o que os levará de volta a uma vida de pobreza) ou estão tão amedrontadas a voltar para a condição anterior que deixam de desfrutar do mínimo prazer que o dinheiro pode proporcionar.

Continuando seu discurso, o amigo rico explica que ao analisar as coisas que o dinheiro pode proporcionar, decidiu e declarou para si mesmo: “reivindicarei o meu quinhão entre as boas coisas da vida”.

Observou, ainda, que para conseguir o que desejava precisava basicamente de duas coisas: tempo e estudo.

Quando se trata de estudo, Arkad divide o aprendizado em dois tipos: o primeiro, trata daquilo que aprendemos e sabemos em teoria, o outro, se baseia na prática.

A partir desse momento, ele resolve que irá se dedicar a aprender como alguém se torna rico e, quando descobrir, seguirá a receita com afinco.

Em um determinado dia, enquanto trabalhava como escriba, recebeu a visita de um homem muito rico chamado Algamish e com ele fez um acordo.

Arkad trabalharia arduamente para entregar o pedido do homem em um prazo curto em troca de que ele o contasse como podia se tornar um homem rico.

Algamish, cumprindo o trato, revela seu segredo dizendo:

“Achei o caminho para a riqueza quando decidi que conservaria comigo uma parte de tudo que ganhasse”.

Impressionado pela simplicidade do conselho, Arkad deseja saber se foi apenas isso que Algamish fez.

Ele respondeu que sim, que ao guardar um décimo do que ganhava ele conseguiu passar de um pastor de ovelhas para um emprestador de dinheiro e, assim, prosperar.

E ressaltou, que não se pode pagar a todo mundo menos a si mesmo.

Esse é um erro básico, que acaba equiparando homens livres a escravos, uma vez que o que os diferencia, se ambos trabalham apenas para garantir o mínimo existencial?

Algamish continua sua explanação explicando:

“Cada moeda de ouro que economizar é um escravo que pode trabalhar para você. Cada cobre que essa moeda produzir torna-se um filho apto a levantar mais fundos. Se quiser tornar-se rico, então tudo o que você economizar deve ser utilizado no sentido de proporcionar-lhe toda a abundância que anseia”.

Depois de um tempo, os dois voltaram a se encontrar e Algamish perguntou se Arkad havia seguido seu conselho.

Este disse que sim e que havia entregue tudo o que juntara para que um oleiro comprasse joias fenícias para serem revendidas a um preço maior na Babilônia.

Entretanto, Algamish o repreendeu fervorosamente, dizendo que suas economias sem dúvidas estavam perdidas, pois se ele queria vender joias devia ter se juntado a um joalheiro e não a um oleiro.

O rico emprestador de dinheiro, porém, não o desanimou, estimulou-o a começar de novo e tentar outra vez, mas sempre com esse conselho em mente: se vai investir em algo, procure um especialista sobre o assunto ou torne-se um.

Novamente, depois de um tempo voltaram a se encontrar, dessa vez, Arkad havia investido seu dinheiro em alguém que tinha conhecimento sobre o negócio que comandava. Obteve, então, lucros.

Contudo, estava gastando de forma exagerada, fato que fez Algamish rir e repreendê-lo novamente, afirmando que ele estava comendo seus filhos e que não deveria esbanjar até que tivesse formado seu “exército dourado” e este estivesse trabalhando diligentemente para ele.

Algum tempo depois, ao ouvir novamente os relatos de como andavam os rendimentos de Arkad, o homem rico constatou:

“Você aprendeu as lições. Aprendeu primeiro a viver com menos do que podia ganhar. Depois, aprendeu a aconselhar-se junto àqueles cuja competência deriva de suas próprias experiências. E, finalmente, aprendeu a fazer o ouro trabalhar para você”.

Ao se dar conta que seu pupilo estava apto a alçar novos voos, Algamish propôs uma sociedade com ele e, ao morrer, deixou sua fortuna para Arkad como herança.

Ao término da história, Bansir constatou que um dos fatores que fizeram de Arkad um homem rico foi a sorte de herdar uma herança, ao que este prontamente respondeu:

“Minha sorte limita-se ao fato de que desejava prosperar antes de tê-lo encontrado pela primeira vez. Não tive que provar durante quatro anos minha determinação de propósito, reservando para mim mesmo um décimo de tudo que auferia? Você chamaria de sortudo o pescador que, tendo passado anos estudando os hábitos dos peixes, por uma simples mudança do vento soubesse onde jogar sua rede? A oportunidade é uma deusa desdenhosa que não perde tempo com os que não estão preparados”.

Ao refletir sobre as palavras de Arkad, um dos amigos do grupo, que estava escutando os ensinamentos deste, ficou intrigado com a aparente simplicidade de se auferir riqueza e questionou se haveria bastante riqueza para todos, se todos os homens seguissem esses princípios básicos ensinados por Algamish.

Arkad respondeu prontamente que a riqueza gera mais riqueza, usando outro exemplo simples: se um homem rico resolve construir um palácio, seu dinheiro será distribuído entre os participantes do projeto, haverá valorização do terreno e das propriedades vizinhas, mostrando que o dinheiro se multiplica através de meios mágicos.

Depois de ouvir a história do amigo rico e de este responder algumas indagações, o grupo se dividiu em três:

  • Aqueles que não conseguiram absorver os ensinamentos e, por isso, continuaram calados e inertes;
  • Aqueles que achavam que Arkad deveria dividir com eles sua fortuna, pois, afinal, eram amigos de longa data e viviam passando por necessidades;
  • E aqueles que entenderam o real sentido das palavras do amigo rico e passaram a frequentar a sua casa em busca de mais conhecimento.

Os dois primeiros grupos não tiveram grandeza de espírito para assimilar os ensinamentos, contudo, o que mais me preocupa é o segundo, pois as pessoas que acham que merecem algo sem nunca ter empreendido esforço para conquistar tal coisa são as de mente mais pobre.

Elas pensam e se colocam continuamente em papel de vítima e essa atitude nunca será uma geradora de riqueza.

Por isso, bem no final dessa parábola, o autor consegue nos deixar incomodados ao abordar essa segunda linha de pensamento.

Caso você já tenha lido o livro e não sentiu essa sensação, cuidado para não ser uma dessas pessoas que se colocam como merecedoras sem estarem dispostas a pagar o preço do sucesso.

E, lembre-se: “Uma parte de todos os seus ganhos pertence a você”.



3. Sete soluções para a falta de dinheiro

Nesta parábola, o rei da Babilônia manda chamar Arkad para que ensine aos seus súditos como enriquecer, uma vez que após um grande período de circulação de riqueza com a construção das obras de irrigação, templos e outros, a cidade se via em uma situação de crise, na qual o dinheiro havia deixado de circular com abundância e estava concentrado nas mãos de poucos homens ricos, pois as obras estatais estavam concluídas.

Assim, os comerciantes estavam sem clientes, pois os trabalhadores encontravam-se sem emprego.

O rei, por sua vez, desejava ver sua cidade como a mais rica e, para isso, teria que ter um grande número de homens ricos.

Partiu daí a ideia de criar uma escola para ensinar esses homens a se tornarem ricos.

O projeto foi iniciado com 100 alunos e Arkad como professor. E quem melhor que o homem mais rico da Babilônia para ensinar a seus compatriotas os segredos do dinheiro?

O professor desenvolveu e ensinou sete soluções para falta de dinheiro aos seus alunos.

Comece a fazer seu dinheiro crescer

Arkad começa seus ensinamentos pelo primeiro que ele mesmo aprendeu, aconselhando da seguinte forma:

“Para cada dez moedas que colocarem em suas bolsas, não retirem para uso próprio mais do que nove. A bolsa começará a ficar estufada, e seu peso cada vez maior será uma fonte de prazer para suas mãos e uma fonte de bem estar para as almas”.

Ao ensinar seu princípio básico de riqueza, o mestre ressalta que o mais interessante é que quando se passa a viver com menos, tanto o dinheiro a mais que se gastava não o faz mais miserável do que antes quanto o fluxo de dinheiro em sua vida aumenta por alguma força mágica da natureza.

Ele diz que não sabe explicar, sabe apenas que o dinheiro parece escolher ir para aqueles que têm suas bolsas cheias.

Explica, ainda, que as nove moedas devem ser usadas para auferir roupas, comida e outros itens necessários, já os 10% poupados devem ser investidos em aplicações que gerem lucros.

Controlem seus gastos

No dia seguinte, um questionamento surgiu sobre a primeira aula: como podemos guardar um décimo do que ganhamos se este valor mal dá para pagar as despesas necessárias?

O professor respondeu prontamente que todos naquela sala tinham rendas diferentes, famílias de tamanhos distintos e obrigações diversas, mas mesmo assim todos estavam em dificuldades e isso era explicado por um simples motivo, explica Arkad:

“O que chamamos de despesas necessárias sempre crescerá para tornar-se igual a nossos rendimentos, a menos que façamos alguma coisa para inverter essa tendência”.

O professor aconselha, ainda, que seus pupilos constituam uma reserva para despesas imprevistas, para que não tenham que mexer em suas poupanças, as quais estão lá para colaborarem com o aumento de suas riquezas.

Finaliza dizendo:

“Esta é, portanto, a segunda solução para falta de dinheiro. Faça um orçamento de suas despesas de modo que possam ter dinheiro para pagar pelo que é necessário, pelos prazeres e para satisfazer seus mais valiosos desejos sem despender mais do que nove décimos de seus ganhos”.


Multiplique seus rendimentos

Nesta lição, o mestre ensina que a riqueza de um homem não deve ser medida pelas moedas que consegue juntar, mas pelos lucros que essa soma pode produzir.

A renda que cada centavo investido gera garantirá que seu dinheiro continue se multiplicando, esteja você viajando ou trabalhando.

Portanto, a terceira solução para a falta de dinheiro, resume-se da seguinte maneira:

“Pôr cada moeda para trabalhar para que possa reproduzir-se como algodão nos campos e trazer-lhes lucro, um rio de riqueza fluindo constantemente para dentro de suas bolsas”.

Proteja seu tesouro contra a perda

Arkad aconselha seus alunos a protegerem seus tesouros contra a perda, investindo onde o principal esteja a salvo, onde possa ser reivindicado sempre que o desejarem e onde fique claro que vai render uma boa quantia.

Ensina, ainda, a procurar os conselhos de homens experientes e daqueles que são acostumados a lidar com negócios e deixar que a sabedoria destes protejam seus investimentos de riscos desnecessários.



Façam do lar um investimento lucrativo

Essa solução visa diminuir os custos com aluguel.

Arkad explica que ao juntar dinheiro para comprar um lar, as prestações a serem pagas podem ser menores ou iguais aos valores pagos mensalmente aos proprietários, com a diferença que dentro de algum tempo a casa passa a ser sua e o custo real com o imóvel seriam apenas os impostos, liberando parte do orçamento para aquisição de seus desejos ou para o aumento dos investimentos.

Assegurem uma renda para o futuro

Aqui são dados alguns exemplos de onde guardar ou aplicar o dinheiro para que ele possa garantir uma velhice tranquila.

As opções mostradas incluem compra de terras e imóveis e aplicações que rendam a juros compostos.

Ao refletir sobre o pagamento de juros feito a um de seus amigos que toda semana aplicava, junto a um emprestador, duas moedas de prata, conclui:

“Com certeza, quando um pagamento tão pequeno (feito com regularidade) produz resultados tão lucrativos, só podemos concluir que nenhum homem pode deixar de assegurar um tesouro para sua velhice e a proteção da família, não importa quão prósperos venham se mostrando seus negócios e investimentos”.

Aumente sua capacidade para ganhar

Nesta última solução para falta de dinheiro, o foco se distribui em duas temáticas importantes.

A primeira é abordar o desejo como a mola mestra para impulsionar a realização de projetos, embora o professor ensine que não adianta desejar de modo geral e abstrato, é preciso que os desejos sejam fortes e definidos.

Ele chega a dar um exemplo.

Explica que um homem que quer ser rico dificilmente o será, mas o homem que almeja obter 5 moedas, pode tornar seu sonho realidade mais facilmente e, a partir daí, cultivar a vontade de possuir mil moedas, vinte mil moedas, até que seja finalmente rico.

Dessa forma, aprendemos com esse ensinamento que nossos propósitos devem ser claros e tangíveis, algo de suma importância quando se trata de planejamento financeiro.

A segunda reflexão se apoia sobre como aumentar a capacidade de ganhos. E o conselho nesse ponto é o aperfeiçoamento, tanto que a fala a seguir demonstra bem essa questão:

“Quanto mais conhecimentos adquirimos, mais podemos ganhar. O homem que busca aprender sempre mais sobre sua profissão será ricamente recompensado. Se é artesão, deve informar-se sobre os métodos e ferramenta utilizados por um companheiro de maior perícia no mesmo ramo. Os negócios humanos mudam e aperfeiçoam-se, porque cidadãos entusiasmados estão sempre procurando melhorar a própria habilidade, a fim de servirem com mais eficiência e qualidade aqueles de que dependem. Por isso, sugiro a todos os homens que se ponham na linha de frente do progresso e não fiquem parados, sendo passados para trás”.

Pode-se perceber claramente o incentivo à inovação nesse trecho, algo tão debatido atualmente.

Para finalizar, Arkad lista algumas atitudes que devem ser praticadas para que além de se livrar do peso da falta de dinheiro, a consciência de seus pupilos esteja sempre tranquila, quais sejam:

  • Pague suas dívidas com pontualidade e não adquira nada que não possa pagar;
  • Cuide bem de sua família;
  • Faça um testamento;
  • Ajude ao próximo.

4. Encontrando a deusa da boa sorte

Nesta nova parábola, mais uma vez o personagem Arkad é o articulador dos ensinamentos.

Na Babilônia, não havia escolas ou faculdades, mas havia um local de aprendizado mútuo e colaborativo chamado Templo do Saber.

Nele, todos os homens eram iguais e podiam discutir temas relevantes e trocar experiências, sem serem repreendidos por suas opiniões.

Em um determinado dia, no salão onde se encontrava Arkad trocando conhecimentos com mais uns 80 homens da Babilônia e cidades vizinhas, o tema proposto para debate foi a sorte.

A primeira conclusão a que chegaram debatendo o assunto é que os jogos de azar não são capazes de transformar homens pobres em ricos, já que as probabilidades estão sempre contra os jogadores e a favor da banca.

Além de que, na maioria das vezes, mesmo quando se ganha esporadicamente, se perde no geral mais do que se ganhou.

O segundo tópico levantado foi, na fala de um dos personagens:

“Se, como você disse (Arkad), devemos acreditar em nossa própria habilidade e capacidade para o êxito de nossos negócios, por que não considerar os sucessos que estivemos a ponto de obter, mas que nos escaparam, situações que teriam sido mais lucrativas? Elas teriam sido um raro exemplo de boa sorte se realmente tivessem ocorrido”.

Em seguida, o homem que faz essa colocação conta sua história de como deixou um bom investimento passar por achar que era jovem e teria outras oportunidades, além de não estar disposto a abrir mão dos luxos que seu dinheiro poderia comprar caso não estivesse empregado no investimento.

Nesse momento, outro participante coloca o seguinte ponto:

“Nessa história, vemos como a boa sorte costuma procurar o homem que acredita nas oportunidades. Dar o primeiro passo para construir uma sólida posição é uma boa sorte que pode acontecer a qualquer homem. O primeiro degrau, transformando os cidadãos que ganham por seus próprios esforços em homens que começam a ter lucros pelo bom emprego de seu dinheiro, é sempre importante. Alguns, afortunadamente, fazem isso quando jovens e deixam para trás, em termos de sucesso financeiro, aqueles que fizeram muito tarde ou que nunca o fizeram”.

A partir desse ponto, os debatedores começam a falar na procrastinação, que foi a responsável pela perda das oportunidades, tanto da relatada quanto de uma outra presente na parábola.

Chegam, então, à conclusão que para serem bem-sucedidos e atraírem a boa sorte devem controlar o espírito de procrastinação presente em todos os homens, aquele que sopra em nossos ouvidos: “Você tem tempo”. “Não feche esse negócio agora”. “A oportunidade é boa, mas você pode decidir depois”.

Outra conclusão é que se deve confiar nos próprios julgamentos e ter cuidado com as mudanças de pensamento, pois a tendência é que se mude mais de opinião quando se está certo do que quando se está errado.

Dessa maneira, Arkad arremata a discussão afirmando:

“A ação os conduzirá ao encontro do sucesso que vocês tanto desejam”.



5. As cinco leis do ouro

um martelo de juiz em cima de dois livros

Na quinta parábola trazida pelo autor, o questionamento inicial parte de um homem chamado Kalabab, que conheceu Nomasir (filho de Arkad).

A pergunta que ele faz aos seus amigos é: se tivessem de escolher entre um saco de ouro ou uma tabuinha com as cinco leis do ouro o que escolheriam?

A resposta foi unânime, escolheram o ouro.

Então, Kalabab contou-os a história de Nomasir, que foi instruído pelo pai a passar dez anos administrando seus próprios bens para se provar capaz de herdar a fortuna do homem mais rico da Babilônia.

Para iniciar seu trajeto rumo ao sucesso financeiro, seu pai lhe concedeu uma tabuinha de argila com as cinco regras do ouro gravadas e uma bolsa de ouro.

Rapidamente, Nomasir gastou o dinheiro de forma imprudente, achando que estava fazendo bons negócios.

Só após ficar praticamente na miséria, decidiu ler a tabuinha e se arrependeu amargamente de não ter feito isso antes, pois percebeu que se tivesse buscado primeiro a sabedoria de seu pai ao invés de acreditar em seus impulsos, seu ouro não teria ido embora.

Eis as cinco leis do ouro:

  1. O ouro vem de bom grado e numa quantidade crescente para todo homem que separa não menos que um décimo de seus ganhos, a fim de criar um fundo para o seu futuro e o de sua própria família.
  2. O ouro trabalha diligentemente e satisfatoriamente para o homem prudente que, possuindo-o, encontra para ele um emprego lucrativo, multiplicando-o como os flocos de algodão no campo.
  3. O ouro busca a proteção do proprietário cauteloso que o investe de acordo com os conselhos de homens mais experimentados em seu manuseio.
  4. O ouro foge do homem que o emprega em negócios ou propósitos com os quais não está familiarizado ou que não contam com a aprovação daqueles que sabem poupá-lo.
  5. O ouro escapa ao homem que o força a ganhos impossíveis ou que dá ouvidos aos conselhos enganosos de trapaceiros e fraudadores ou que confia em sua própria inexperiência e desejos românticos na hora de investi-lo.

Após aplicar as leis e trabalhar arduamente em sua aplicação, Nomasir conseguiu ao final dos dez anos tornar-se um homem rico e respeitado e faz a seguinte reflexão:

“Devido a meus infortúnios, tentativas e êxitos, pude repetidas vezes provar a sabedoria das cinco leis do ouro e ver em cada um desses momentos como estavam certas. Para quem não conhece essas leis, o dinheiro não aparece tão frequentemente e, quando aparece, vai rapidamente embora. Já para aqueles que não hesitam em utilizá-las, o dinheiro aparece e trabalha para eles como um escravo. Sem sabedoria, o ouro pode ser rapidamente perdido pelos que o têm, mas, com sabedoria, o ouro pode ser adquirido pelos que não o têm. A riqueza que promove gozo e satisfação para seu proprietário constrói-se gradualmente, porque é uma criança nascida do conhecimento e da persistência ”.



6. O emprestador de dinheiro da Babilônia

pessoa emprestando dinheiro para outra

Essa história traz uma reflexão sobre cautela e remorso.

O personagem principal é Mathon, um emprestador de dinheiro muito experiente, que é procurado por seu amigo Rodan, para que ofereça a este um conselho valioso: deve emprestar suas 50 moedas de ouro, recebidas como recompensa dada pelo próprio rei em reconhecimento ao seu trabalho, ao seu cunhado que deseja tornar-se um rico comerciante?

A fim de ensinar a melhor maneira de proceder ao amigo Rodan, mas sem que essa resposta se limitasse a um simples sim ou não, mas a uma lição que pudesse capacitá-lo, Mathon exemplifica de várias maneiras seus critérios para analisar seus clientes e garantir que seus empréstimos serão um bom negócio.

Pela pergunta de Rodan se tratar de um possível empréstimo para alguém da família, que envolve uma carga emocional, o emprestador começa exemplificando sua lição com a história de um cavalo e um asno.

O cavalo lamenta-se para o amigo asno que faça chuva ou sol ele deve acordar cedo e passar o dia movendo o arado, não importa quão cansado esteja ou quão esfolado seu pescoço se encontre.

Comparando sua situação com a do asno, lamenta-se por não ter os dias de descanso do amigo, já que nos dias em que o dono da fazenda não vai à cidade, o asno pode passar o dia sossegado pastando.

Com pena de seu amigo, o asno aconselha-o a fingir que está doente, para que possa tirar um dia de folga. Porém, ao saber da doença do cavalo, o fazendeiro ordena que o asno puxe o arado durante todo o dia.

Com essa história, Mathon busca mostrar algo muito simples:

“Se deseja ajudar um amigo, faça-o, mas de modo que os fardos dele não sejam colocados sobre os seus ombros, pois em nosso desejo de ser úteis, podemos correr o risco de carregar os fardos que pertencem a outrem”.

Rodan, logo indaga ao amigo como ele faz para saber se os clientes irão pagá-lo.

O emprestador, então, diz que divide seus clientes em três grupos:

  • No primeiro, estão aqueles que contam com garantias físicas como terras, gado, joias e outros ativos que são colocados como segurança para o empréstimo;
  • Uma segunda categoria presta como garantia o esforço humano, ou seja, são trabalhadores esforçados que fazem de tudo para manter seu nome e têm fonte de renda regular;
  • O último grupo, não possui nenhuma das garantias acima. Para esses, Mathon afirma que empresta apenas pequenas somas a não ser que algum amigo entre como fiador do negócio.

Mathon conta ainda que assim como tem clientes nos quais confia por saber que são bons comerciantes e sempre lhe trazem bons lucros, tem outros que só aceita fazer negócio porque suas garantias são maiores que os valores emprestados, mas que ele mesmo, com sua experiência, sabe que os propósitos para os quais o dinheiro é pedido são desastrosos por natureza.

Ao contar mais algumas histórias sobre os empréstimos que fez, Mathon conclui:

“Por aí, você pode ver quão frequentemente suas altas esperanças de obter grandes lucros, não passam de esperanças falsas, que eles não têm capacidade nem treinamento para atender”.

Essa conclusão reforça o que foi passado na parábola sobre as cinco leis do ouro e a trajetória de Nomasir.

Ou seja, ter o recurso não garante sucesso, pois (sem conhecimento) todo o seu ouro pode escorrer de suas mãos mais rápido do que chegou até você.

Mathon continua sua conversa com o amigo, perguntando quanto ele tem economizado em todos seus anos de trabalho, ao que Rodan responde 3 moedas de ouro, uma por cada ano trabalhado e com muito esforço e abnegação.

A conclusão do emprestador é óbvia.

Seriam necessários 50 anos de trabalho árduo e privações para que seu amigo economizasse as 50 moedas de ouro, que estava pensando em facilmente emprestar a um parente.

Ao abordar o assunto por essa ótica, Rodan começa a entender melhor a dimensão do que estava prestes a fazer. Se o dinheiro não tivesse sido uma recompensa, ele teria demorado uma vida para juntá-lo.

Por fim, o emprestador faz uma pergunta a seu amigo: o que ele deseja para seu dinheiro? A resposta é guardá-lo em segurança e multiplicá-lo.

Desse modo, o conselho de Mathon é que ele diversifique a aplicação desse dinheiro e que o aplique com pessoas experientes em suas áreas de atuação e conclui dizendo:

“Não esqueça que o ouro consegue escapulir de modo inesperado das mãos de todos aqueles que não sabem guardá-lo com inteligência. O presente do rei lhe propiciará muita sabedoria. Se resolver guardar as 50 moedas de ouro, você precisará ser realmente cauteloso. Muitos usos o tentarão. Ouvirá muitos conselhos. Numerosas oportunidades de fazer grandes lucros serão oferecidas a você. Seja moderado naquilo que espera ganhar, para que possa garantir e gozar de sua fortuna. Empregá-la sob a promessa de retorno exorbitante é um convite à perda”.


7. As muralhas da Babilônia

as muralhas da Babilônia

Essa é uma breve história sobre uma das muitas tentativas de invasão e saque à Babilônia.

Os assírios investiram contra a cidade por quatro semanas, buscando invadir e pilhar seus tesouros, deixando os moradores aterrorizados, pois seu rei e grande parte do exército estavam em campanha longe das muralhas da Babilônia.

No entanto, para todos que buscavam informações junto ao responsável pela muralha, este os respondia diligentemente:

“Não se preocupe, as muralhas irão protegê-lo dos saques e da escravidão, não se apavore!”.

Assim como a Babilônia precisou de barreiras físicas para garantir a proteção, hoje temos os mesmo anseios por segurança, mas ela se mostra com outras faces, como seguros, poupança e investimentos, que podem nos resguardar de tragédias inesperadas, nos mostrando que não temos condições de ficar sem uma proteção adequada.

8. O negociante de camelos da Babilônia

homem montado em um camelo na praia

Essa parábola envolve dois personagens principais, Tarkad e Dabasir.

Tarkad é um jovem imprudente que deve a muitos e já no início da narrativa nos é revelado que não come há dois dias por falta de dinheiro.

Pela situação em que se encontra, pensa inclusive em cometer pequenos furtos para saciar sua fome.

Dabasir é um negociante de camelos muito bem-sucedido que emprestou dinheiro a Tarkad por consideração ao pai do jovem, pois eram amigos.

Porém, sem condições de pagar as duas moedas de cobre e uma de prata que o negociante de camelos lhe emprestou, Tarkad fica atônito ao encontrá-lo em frente à casa de pasto, onde Tarkad estava montando guarda na esperança de um conhecido convidá-lo para entrar e fazer uma refeição com ele.

Entretanto, o convite para adentrar ao recinto é feito pelo seu credor, o que o deixa desconfortável, mas sem ter como declinar, Tarkad aceita.

Dentro do recinto, o negociante de camelos pede uma farta refeição para si e um copo de água para seu acompanhante e pede licença para contar uma história.

Tarkad triste e cabisbaixo concorda em ouvir o relato.

Dabasir conta que antes de ser um rico comerciante de camelos, fora escravo na Síria por causa de atos imprudentes cometidos em sua juventude.

Nos primeiros anos de sua vida adulta, ele aprendeu com o pai o ofício de fazer sandálias e casou-se, seus rendimentos comportavam apenas uma vida modesta, mas por gozar de boas relações com os comerciantes da cidade, passou a fazer dívidas para saciar seus desejos por luxo.

A dívida cresceu de uma forma que ele não pode mais lidar com a situação, o que acabou por fazê-lo ir embora da Babilônia para tentar uma vida melhor na Síria.

Nesse meio tempo, sua esposa voltou para casa de seu pai e ele se viu sozinho tendo de construir uma vida adulta do zero.

Passou dois anos trabalhando honestamente para os donos de caravanas, mas o trabalho era pesado e os valores ganhos eram baixos.

Então, decidiu se juntar com um grupo de salteadores, que atacavam caravanas desprotegidas.

A primeira empreitada foi bem-sucedida e rendeu um espólio valioso de ouro, seda e outros produtos caros. Entretanto, em sua imprudência, Dabasir esbanjou tudo rapidamente.

Na segunda tentativa, o grupo de salteadores que fazia parte foi pego e ele foi vendido por duas moedas de prata como escravo para um chefe sírio do deserto.

Uma das quatro esposas de seu amo criou um vínculo de amizade com Dabasir, que era seu escravo e responsável pelos seus camelos.

Em uma conversa, em que ele conta sua história na Babilônia para sua ama, ela o repreende dizendo:

“Como pode chamar a si mesmo um homem livre, quando sua própria fraqueza o trouxe à condição em que se acha? Se um homem tem dentro de si a alma de um escravo, não é exatamente nisso que se transforma, não obstante seu nascimento, assim como a água procura seu nível? Se um homem tem dentro dele a alma de um cidadão livre, não se tornará respeitado e honrado em sua própria cidade, a despeito de seu infortúnio? Seu grande rei não combate os inimigos de todas as maneiras que pode e com todas as forças de que dispõe? Suas dívidas são seus inimigos. Elas correram com você da Babilônia. Você abandonou-as, e elas cresceram num nível sufocante para você. Se as tivesse enfrentado como homem, daria conta do recado e veria admitido entre os concidadãos. Mas não teve coragem de combatê-las, e seu amor-próprio minguou tanto que agora você não passa de um escravo na Síria ”.

Essas palavras repercutiram fortemente na alma e na mente de Dabasir, que passou a refletir sobre como agir com a alma de um homem livre.

Um tempo depois, sua ama o chamou para acompanhá-la em uma viagem à casa de sua mãe. Dabasir achou estranha a quantidade de mantimentos que a escrava separou para a viagem, pois o percurso não era longo.

Contudo, ao chegarem ao destino, sua dona o aconselhou a fugir, voltar para Babilônia e refazer seu nome.

Não seria fácil, pois estavam no meio do deserto e ele não sabia como chegar a sua terra, mas agarrou a oportunidade oferecida e mesmo com o medo de ser descoberto e morto pelo seu senhor não vacilou em partir.

A viagem foi longa e desgastante, os mantimentos não duraram muito e os camelos já mostravam sinais de exaustão pela falta de água e comida, além dele não saber se estava seguindo o caminho correto.

Dabasir buscou forças em sua alma e nas palavras de sua antiga ama para continuar.

Tinha que provar que era um homem livre, tinha que reconstituir sua reputação, mostrar para sua esposa que era capaz de sustentá-la e proporcionar para ela uma vida digna.

Quando finalmente conseguir chegar à Babilônia, procurou seus credores e fez acordo com muitos deles.

Um, em particular, o emprestador de dinheiro Mathon, viu no jovem, através da experiência adquirida por anos analisando seus clientes, que ele estava mudado e que seu espírito estava forte.

E, com ajuda dele, Dabasir não só conseguiu mais um aporte financeiro para recomeçar como também foi indicado por Mathon para acompanhar um famoso comerciante de camelos amigo seu.

No fim do discurso, Tarkad entende que o que Dabasir está tentando mostrar é que ele não precisa passar por tudo o que ele mesmo passou para aprender uma lição poderosa: onde há determinação, o caminho pode ser encontrado.

O comerciante de camelos, ao terminar a história, oferece ao seu convidado que se junte a ele para comer, mas o maior presente que ele deu a Tarkad foi o alerta de para onde sua imprudência com o dinheiro podia levá-lo.

Além de mostrar para ele que sempre há uma maneira de sair de seus problemas (apresentada na parábola como o deserto e a escravidão), caso seu espírito seja de um homem livre e não de um escravo de seus desejos e de suas lamúrias.



9. As tabuinhas de argila da Babilônia

tabuinha de argila

Essa narrativa começa com a transcrição de uma carta enviada por um professor que estava na Mesopotâmia em 1934 numa expedição e achou umas tabuinhas escritas por Dabasir e as mandou para que fossem traduzidas por um arqueólogo.

As tabuinhas contam com maiores detalhes a história do negociante de camelos já iniciada na parábola passada.

Dabasir descreve em detalhes o plano que trouxe sua prosperidade.

Com ajuda de Mathon, ele constrói um plano de três passos para saldar suas dívidas, quais sejam:

  1. Poupar um décimo (10%) de tudo que ganhar, a fim de garantir sua futura prosperidade.
  2. Destinar sete décimos (70%) de tudo que ganhar para o sustento de suas necessidades básicas, já que o plano deve permitir sua sobrevivência e o mínimo existencial para ele e sua esposa.
  3. Destinar dois décimos (20%) de tudo que ganhar para saldar suas dívidas.

Colocando esse plano em prática e seguindo-o com determinação, Dabasir foi capaz de saldar suas dívidas e transformar-se de um homem sem credibilidade em um dos homens ricos e respeitados da Babilônia.

Em suas próprias palavras na narrativa:

“Grande é o plano, pois ele tem nos tirado do endividamento e propicia-nos a possibilidade de guardar o que nos pertence de direito. O plano é de um valor indizível. Além de ter feito de um ex-escravo um honrado cidadão”.

Ao final da narrativa uma segunda carta é transcrita.

Nessa, o professor de arqueologia agradece 2 anos depois ao professor que o mandou as placas para que ele traduzisse, pois através dos ensinamentos de cinco mil anos antes, ele e sua esposa tinham conseguido sair das dívidas.

O plano elaborado pelo arqueólogo que traduziu as placas foi praticamente a cópia daquele que Dabasir descreve nas tabuinhas de argila.

Primeiramente, ele fez um demonstrativo de renda e mostrou aos seus credores que o que ele e sua mulher ganhavam não seria suficiente para pagá-los, a não ser que eles aceitassem receber de maneira paulatina.

Após a negociação com os credores, era o momento de enxugar o orçamento para que pudessem viver com os 70% restantes.

Negociaram o aluguel, reviram a lista do supermercado e outros itens que podiam ser reduzidos em seus gastos.

Por fim, começaram a guardar os 10% e, ao relatarem seus esforços para constituir sua poupança. Uma fala se destaca:

“É realmente engraçado começar a acumular dinheiro que você não quer gastar. Há mais prazer em ver aumentar uma reserva de dinheiro supostamente excedente do que poderia haver gastando-a. Depois de ter poupado até onde achamos necessário, encontramos um emprego mais lucrativo para nossas economias. Fizemos um investimento em que pudéssemos pagar esses 10% todo mês. Isso provou ser o aspecto mais satisfatório de nossa regeneração”.



10. O homem de mais sorte da Babilônia

Sharru Nada, o mais importante comerciante da Babilônia, é o personagem central da penúltima parábola do livro.

No começo da narrativa, ele encontra-se conduzindo uma caravana recheada de mercadorias a caminho da Babilônia, acompanhado pelo neto de Arad Gula que fora seu grande amigo e sócio.

Hadan Gula é um homem ambicioso e sem muito tino para os negócios, possui um pensamento atrasado sobre trabalho, afirmando que trabalho é coisa para escravos, os ricos devem apenas gozar de sua riqueza.

Tal pensamento fez com que Hadan e seu pai, filho de Arad, deteriorassem praticamente tudo que seu avô deixou-os como herança.

Por esse motivo, Hadan está acompanhando Sharru, para tentar uma chance de sucesso, observando como se tornar um bom comerciante e voltar a usufruir dos luxos do dinheiro.

Sharru, então, encontra-se em meio a uma encruzilhada, pois, ao mesmo tempo que não acredita que seja possível mudar a forma de ver o mundo de um jovem tão arrogante, não pode deixar de tentar ajudar o neto de seu grande amigo.

Decide, assim, contar para Hadan a história de como conheceu e se tornou sócio de Arad Gula, na esperança de fazer o jovem perceber certas verdades.

Ao questionar Hadan sobre sua curiosidade em saber sobre a história que desejava contar, ele responde:

“Por que não me conta só como conseguiu os dourados siclos? É tudo que eu preciso saber”.

Sharru ignora a resposta e começa a narrar sua história.

Importante frisar que nessa parte do discurso podemos identificar que muitos querem apenas saber qual o segredo do sucesso, achando que existe alguma fórmula mágica.

A maioria das pessoas que admiram milionários não conhece suas histórias e não estão dispostos a passar pelo que eles passaram, mas desejam seu sucesso e seu dinheiro.

Se você é um desses, desista, pois como veremos nessa narrativa, não existe riqueza e prosperidade sem esforço.

Mesmo quem herda uma fortuna já consolidada, caso seja despreparado, a desperdiçará como os descendentes de Arad.

Sharru começa a contar sua história dizendo que tornou-se escravo por ter sido usado como garantia, porque seu irmão embriagou-se e acabou por matar um de seus amigos.

Com medo de que ele fosse para prisão, seu pai entregou Sharru para viúva como escravo, que o vendeu um tempo depois, pois a família dele não possuía recursos para comprá-lo de volta.

Nessa ocasião, Sharru foi mandado para Babilônia.

Na viagem, os escravos eram acorrentados de quatro em quatro, e junto com ele estavam Megiddo, Zabado e Pirata.

Cada um desses homens tinha uma visão diferente sobre trabalho e é essa a reflexão que o texto visa fazer.

Megiddo dizia:

“O trabalho é o melhor amigo que já conheci. Alguns homens o odeiam. Fazem dele um inimigo. É melhor tratá-lo como um amigo, aprender a gostar dele. Não se preocupe com que seja árduo. Prometa-me, rapaz, que se tiver um amo vai trabalhar para ele o mais arduamente que puder. Se ele não apreciar tudo quanto você faz, não se preocupe. Lembre-se, o trabalho bem feito traz satisfação a quem quer que o tenha realizado e torna o homem melhor”.

Zabado, por sua vez, era partidário de fazer corpo mole para conservar-se sadio, defendia a malandragem ao invés do trabalho árduo.

Pirata, tinha em sua alma uma grande revolta pela situação em que se encontrava. Não foi revelado o motivo dele ter se tornado escravo, mas pela narrativa ele era um dos homens que odiavam o trabalho e a situação em que estava.

Seguindo a filosofia de Megiddo e tendo sido alertado por seu mercador de escravos que aqueles que não fossem vendidos até o final do dia iriam trabalhar na construção das muralhas da Babilônia, que era um trabalho altamente desgastante e mortal, Sharru apressou-se em convencer um padeiro de que tinha boa vontade em aprender o ofício e adoraria ser comprado pelo mesmo.

Nana-naid, amo de Sharru, ensinou-o todas as artes de seu ofício.

Não demorou muito para que a simpatia nutrida pelo mestre pelo empenho de seu escravo o rendesse uma parceria nos negócios.

Como Sharru só trabalhava pela manhã, propôs que na parte da tarde ele pudesse ir até a cidade vender pães de mel, dividindo os lucros com seu amo.

Os dois firmaram a parceria e prosseguiram com o negócio.

Sharru estava feliz, pois estava conseguindo juntar o dinheiro para comprar sua liberdade. O conselho de Megiddo o havia ajudado a transformar o trabalho em seu principal aliado.

Vendendo pães de mel pela cidade conheceu Arad, que à época também era escravo e tinha feito uma sociedade com seu amo.

Ele já tinha dinheiro para tornar-se homem livre, mas estava com medo de não conseguir prosperidade longe de seu amo, porém, Sharru o advertiu dizendo:

“Não fique grudado por muito tempo a seu amo. Experimente novamente a sensação de ser um homem livre. Aja e obtenha êxito como um homem livre! Decida o que deseja realizar, e então o trabalho o ajudará a fazê-lo!”.

Por causa dessas palavras, Arad nutriu um profundo respeito por Sharru e deixou que o espírito de covardia o abandonasse.

Pouco tempo depois, por causa de dívidas de jogo, Nana-naid perdeu a propriedade de Sharru para um emprestador de dinheiros que o colocou para trabalhar em uma obra para rei.

Sem perspectivas de comprar sua liberdade e exausto pelo trabalho excruciante de sol a sol, Sharru pensou em suas possibilidades e lembrou que:

  • Na última vez que viu Zabado ele estava castigado pelo trabalho na muralha e cheio de chagas pelos castigos impostos por sua malandragem;
  • Pirata, por sua vez, fora morto a chicotadas por deixar que sua ira levasse-o a matar um dos guardas da muralha;
  • Já Megiddo, fora promovido a capataz e caíra nas graças de seu amo.

Analisando as três teorias sobre trabalho e como elas funcionaram para cada um, Sharru decidiu que deveria continuar seguindo a teoria de Megiddo, por mais difícil que fosse manter o ânimo nas condições em que se encontrava.

Era difícil para Sharru, pois por duas vezes, sua sorte fora mudada por erros alheios, sem que ele fizesse nada para merecer tal destino.

Entretanto, ele não se deixou abater nem se deixou levar pela ira de tais acontecimentos (tornar-se escravo e perder um bom amo).

O link que podemos fazer com os dias atuais é bem claro.

Ainda vemos, hoje, pessoas que trabalham apenas fingindo produtividade e interesse.

Seu principal objetivo é cumprir o dia de trabalho com menor esforço possível, assim, elas fingem que trabalham e os empregadores fingem que pagam.

Vivendo de forma medíocre passam anos se contentando com essa situação.

Outra situação é a de Pirata, na qual o empregado não está satisfeito, reclama das condições, odeia o ambiente de trabalho, transforma suas relações interpessoais em um verdadeiro suplício para os colegas, mas não faz nada produtivo à respeito.

Não procura uma nova vaga, não busca qualificação, apenas nutre sentimentos ruins em relação a suas condições e a si mesmo.

Não precisamos ser escravos ou ter estado na Babilônia para percebermos que a realidade das histórias narradas não são assim tão distantes das que vemos atualmente.

Voltando a Sharru, um tempo depois, ele foi comprado e liberto pelo seu grande amigo e sócio Arad, que viu nele um grande potencial para sócio, desde que ele lhe dera o conselho que mudou sua perspectiva e o fez um homem livre com boas condições financeiras.

E, mais tarde, rico.

Ao término da narrativa, Hadan comenta perplexo:

“Começo a ver. O trabalho atraiu seus muitos amigos (de Sharru), que admiraram sua diligência e o sucesso que isso trouxe. O trabalho trouxe-lhe o respeito de que tanto gozou em Damasco. O trabalho trouxe-lhe todas essas coisas que aprovei. E eu que achava que o trabalho somente convinha a escravos. Sempre aspirei a tornar-me um homem como meu avô. Nunca tinha percebido o homem que ele foi. Você me mostrou isso. Agora que compreendo, admiro-o ainda mais e sinto-me muito mais determinado a ser como ele. Temo que nunca lhe poderei pagar por ter me dado a verdadeira chave do sucesso dele. Daqui por diante usarei essa chave. Quero começar de maneira humilde, como ele”.


11. Um esboço histórico da Babilônia

pessoa folheando um livro

Pelos relatos de riqueza, muitos pensam que a Babilônia só poderia estar situada numa pujante região tropical, cercada de ricos recursos tropicais, como florestas e minas. Pois não era o caso.

Ela estava localizada junto ao rio Eufrades, num extenso e árido vale.

Não tinha florestas nem minas – e muito menos pedras para construção. Não se achava sequer próxima a uma daquelas estradas comerciais da época.

Como se não bastasse, a chuva era minguada para o cultivo de grãos.

A Babilônia é um impressionante exemplo da capacidade do homem para alcançar grandes objetivos, utilizando o que quer que esteja à disposição.

Todos os recursos que sustentavam essa grande cidade foram desenvolvidos pelo homem.

Todas as suas riquezas foram por ele produzidas, já que a Babilônia possuía apenas dois recursos naturais – um solo fértil e a água do rio.

Eram um povo culto e educado.

Até onde pelo menos a historia escrita pode chegar, eles foram os primeiros engenheiros, os primeiros astrônomos, os primeiros matemáticos, os primeiros financistas e o primeiro povo a ter uma linguagem escrita.

A Babilônia parecia organizada como uma cidade moderna. Havia ruas e lojas.

Os babilônios eram hábeis nas artes, estas incluíam a escultura, a pintura, a tecelagem, a ourivesaria, a manufatura de armas e os implementos agrícolas.

Eles eram financistas e homens de negócios talentosos.

Até onde podemos saber, foram os inventores do dinheiro como meio de troca, das notas promissórias e dos títulos de propriedade escritos.

Como cidade, a Babilônia não existe mais, pois quando estas estimulantes forças humanas que a construíram e mantiveram por milhares de anos se dissiparam, ela logo se tornou uma ruína desabitada.

Hoje, o vale do Eufrades, antes uma populosa região de próspera agricultura, não passa de um deserto árido, batido pelo vento.

Uma vegetação rala de arbustos luta para sobreviver contra as tempestades de areia.

Lá se foram os campos férteis, as gigantescas cidades e as grandes caravanas de ricas mercadorias.

Bandos nômades de árabes, levando uma vida difícil com seus pequenos rebanhos, são seus únicos habitantes. Tem sido assim desde o começo da era cristã.

Conclusão

O livro nos traz uma leitura leve e rápida com bons pontos para reflexão.

Recomendo a leitura da obra como um todo, pois conta com um número reduzido de páginas e as histórias são fluídas e envolventes.

Use da melhor maneira possível essas grandes lições e construa seu modelo de sucesso inspirado naquele que funciona há mais de 8 mil anos.

Como muitos escritores de finanças afirmam, não existem novas fórmula nem fórmulas mágicas, a melhor maneira de obter o sucesso financeiro é seguir os passos daqueles que já chegaram lá.

E para conseguir tal coisa, o que melhor do que se valer da sabedoria dos babilônicos?!

Lembrando também que um dos primeiros passos para obter sucesso nas finanças é o controle de gastos pessoais.

Espero que vocês tenham gostado de mais esta resenha dos melhores livros de finanças pessoais e que deixem o seu feedback sobre quais os próximos livros que esperam ver por aqui e sobre a relevância do nosso conteúdo.