A única escola de negócios de fora dos Estados Unidos a entrar o top 10 no ranking global das Melhores Escolas de Negócios da Bloomberg BusinessWeek é o IMD, em Lausanne, na Suíça. Entre as 30 melhores do mundo, apenas quatro têm sede fora dos EUA.
O motivo dessa concentração? Em geral, o dinheiro, segundo a revista. Entrevistados citam o potencial de trabalho, com altos salários após o curso, como o fator principal na escolha de uma escola de negócios.
A recompensa financeira, desta forma, tem mais peso do que outros fatores na determinação do ranking geral — networking, aprendizagem e empreendedorismo compõem o resto da lista.
O estudo global descobriu que profissionais com MBA de escolas dos EUA tinham uma remuneração média de US$ 145 mil por ano (R$ 565 mil), 16% a mais do que os US$ 125 mil (R$ 487 mil) para instituições de outros países.
O IMD, por outro lado, ficou entre as 20 melhores instituições do Índice de Remuneração, na 17ª posição, refletindo altos salários e altas taxas de empregabilidade para seus ex-alunos.
Uma das justificativas para essa diferença é a geografia. Graduados de escolas de negócios dos EUA ganham mais dinheiro porque assumem empregos no próprio país, onde os salários para profissionais com MBA são os mais altos do mundo, de acordo com relatório de 2018 feito pelo Conselho Internacional de Escolas de Negócios.
Segundo dados do conselho, 56% das empresas norte-americanas oferecem bônus para novos funcionários com MBA, com um valor médio de US$ 10.500 (R$ 41 mil) de bonificação. Por outro lado, 36% dos empregadores da Ásia-Pacíficico e 30% dos latinos oferecem esse benefício.
Além disso, diz Marcelo Barros, fundador da International Advantage, que oferece serviços de aconselhamento de carreira para escolas e estudantes internacionais em busca de emprego nos EUA, um diploma de pós-graduação de uma das principais escolas dos EUA é valioso em um mercado cada vez mais global.
“Se você é da Índia ou da China, é com Harvard e MIT que você sonha”, diz Barros. “Aos olhos dos candidatos, um diploma em administração obtido nos EUA tem mais reconhecimento global e oferece uma oportunidade para uma vida melhor e melhores oportunidades de carreira”.
Funcionários de escolas líderes em ensino de negócios dizem que a disputa das universidades por inscrições de alunos tende a ser regional. “Muitos profissionais seguem a estratégia de escolher escolas dos EUA ou da Europa”, diz Pascal Michels, diretor de admissões de MBA da IESE Business School, em Barcelona. Instituições de fora dos EUA também se investem em marketing para buscar novos perfis de estudantes.
“Não experimentamos muita concorrência direta com as escolas dos EUA”, diz Sean Meehan, reitor do programa de MBA do IMD. “Como um programa de um ano projetado para candidatos mais experientes, é mais uma escolha de categoria do que uma escolha de marca”.
A remuneração mais baixa dos formandos de escolas fora dos EUA é frequentemente compensada por custos mensais mais baixos, graças, em parte, aos programas de MBA de um ano, mais comuns em escolas fora dos EUA.
Para muitos estudantes internacionais, um dos diferenciais de um MBA americano é a abertura de melhores oportunidades no país de origem. “Se você encontrar trabalho em uma multinacional nos EUA, na maioria dos casos você pode retornar à sua região natal em algum momento”, diz Tim Mescon, diretor da região da Europa, Oriente Médio e África da AACSB International.
Estudos do Conselho Internacional de Escolas de Negócios sugerem também que estudantes estrangeiros enxergam os EUA cada vez mais como um ponto de partida, e não como destino final: 27% dos entrevistados tiveram maior acesso ao emprego em seus países por estudarem nos EUA, um aumento de 8 pontos porcentuais em relação há cinco anos.
“A questão mais importante na escolha de uma escola é o por quê”, diz Meehan do IMD. “Se é para uma mudança de carreira ou para desenvolver um novo conjunto de habilidades específicas, a escolha é diferente. Nós nos concentramos na liderança, e aqueles que têm a ambição de enfrentar alguns dos grandes desafios são atraídos por essa proposta de valor. O número de inscrições no IMD tem crescido constantemente ao longo dos anos. Ironicamente, o número de inscrições dos EUA é que mais cresce.”
Relatório sobre tendências de inscrições, do conselho internacional, destacou que 53% dos programas de MBA nos EUA tiveram queda no número de cadastros em 2018, enquanto mais da metade dos programas na Ásia-Pacífico, Canadá e Europa relataram crescimento.
“O Brexit e o governo de Donald Trump são uma ótima oportunidade para as escolas europeias”, diz Mescon, da AACSB International. “As escolas canadenses viram um grande aumento no interesse. Na Suécia, todos os programas de MBA estão sendo oferecidos em inglês e várias instituições criaram operações formidáveis em Cingapura, oferecendo entrada a um mercado muito atraente. ”