O economista-chefe do Grupo BP, Spencer Dale, disse que a turbulência na economia brasileira que levou à forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) em anos anteriores parece ser uma “página que está sendo virada”.
“Na medida em que olhamos para o futuro, esse caminho é promissor”, disse, em conversa com jornalistas em São Paulo, nesta quarta-feira, 28. Dale disse não ser um especialista sobre Brasil, mas afirmou que a reação do mercado financeiro internacional foi bastante positiva após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência.
Questionado sobre eventuais riscos à diversificação da matriz energética do País diante do novo governo, Dale disse que o Brasil é um exemplo para o mundo, com mais de 40% do consumo de energia vindo de fontes não fósseis. “Vocês deveriam ficar orgulhosos pela maneira como estão lidando com isso. O Brasil tem de continuar a atingir seu potencial e para isso reformas precisam ser feitas. Eu acho que os mercados internacionais vão focar isso, em ver se o Brasil vai continuar nesse caminho e continuar com essas reformas”, disse, sem destacar uma pauta específica.
Matriz do Brasil
O economista-chefe do Grupo BP afirmou que a matriz energética do Brasil deve passar por uma transformação nas próximas décadas, com recuo da participação das hidrelétricas e aumento do setor de energia eólica e solar. Citando projeções da BP para o Brasil, Dale disse que, em 2016, 42% da energia usada no Brasil foi proveniente de hidrelétricas ou outras fontes renováveis.
Para 2040, a estimativa é de que o porcentual suba para perto dos 50%, com capacidade triplicada em energia solar, eólica e biocombustível.”Aqui no Brasil, o consumo de petróleo será estável, porque os carros estão ganhando mais eficiência. Mas achamos que a produção será maior”, disse, apontando que hoje o número é de pouco menos de três milhões de barris por dia, total que eles esperam na casa dos quatro milhões de barris por dia até 2040 produzidos no Brasil, com maior participação do País na exportação.
Para o gás natural, a estimativa de Dale é de que a demanda dobre nos próximos 20 anos. “Mas também a produção vai crescer bastante. Talvez isso possa mudar o cenário e vocês se tornem autossuficientes em gás também”, disse.