A rede de livrarias Saraiva, que passa por uma reestruturação financeira e operacional, voltará às origens e se dedicará mais ao segmento editorial. A informação foi transmitida durante teleconferência da diretoria com analistas, sobre os resultados financeiros do terceiro trimestre.
Diante deste complicado cenário, a companhia – que dobrou o prejuízo no terceiro trimestre de 2018, em base anual, para R$ 66,6 milhões – não venderá mais smartphones e produtos de tecnologia.
Segundo o diretor financeiro, Henrique Dau Cugnasca, esses itens, que demandam mais investimentos e capital de giro, serão oferecidos aos consumidores por meio de marketplace próprio. “A mudança faz parte do esforço da empresa para se concentrar no mercado editorial“.
No fim de setembro, a Saraiva registrou queda de 17,1% na receita líquida, para R$ 310,3 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização no mesmo período ficou negativo em R$ 49,4 milhões, alta de 90,6% ante o resultado negativo observado um ano antes.
700 demitidos
O encerramento das operações de 19 lojas pela maior rede de livrarias do país acarretará na redução da receita da companhia, mas o resultado final será melhor, afirmou Cugnasca.
Foram fechadas 11 unidades da Saraiva, que possuíam baixa perspectiva de geração de valor e seriam prejudicadas pela alteração do mix, e 8 pontos da bandeira iTown, especializadas na Apple e com estratégia voltada para produtos da categoria de tecnologia.
“Estamos nos esforçando e revisando as principais linhas de custos da empresa. Nossos esforços são na área de pessoal e logística”, disse o executivo.
No trimestre, a livraria demitiu aproximadamente 700 funcionários para adaptar o negócio a uma nova estrutura de despesas, com foco em competividade.
De acordo com o diretor financeiro, a Saraiva está conversando com fornecedores do mercado editorial para renegociar as dívidas e encontrar alternativas para os pagamentos. “Queremos datas mais flexíveis para os pagamentos”, disse ele. “Temos bons parceiros que acreditam que a cultura e a educação são essenciais para o nosso país”.
Segundo o diretor, “se não houver acordo com os credores, outras alternativas serão avaliadas para permitir a perenidade da companhia, que tem 104 anos”. Ele disse que a rede de livrarias está estruturada para aproveitar as oportunidades de mercado.