O sono tem papel fundamental na infância na prevenção de problemas como déficit de atenção e dificuldades de aprendizado.
Segundo o mestre em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Denise Katz, explica que “Não é dormindo tarde que as crianças vão acordar mais tarde. Quando ela vai muito cansada para a cama, é provável que não tenha um sono tranquilo e acorde antes das horas necessárias para crescer e se desenvolver”, afirma.
De acordo com Denise, isso acontece porque o menor tempo de descanso pode danificar as mitocôndrias – pequenas produtoras de energia para o organismo. Sem elas, o corpo ganha cansaço e a função celular diminui. “Além disso, a interrupção do sono causa a perda de neurônios importantes para manter o ciclo da vigília, que garante uma alternância saudável entre os períodos em que a pessoa passa acordada e dormindo”, explica Denise. Como consequência, a pediatra conta que essas mudanças biológicas podem gerar irritabilidade, mau desempenho escolar e problemas de comportamento entre as crianças.
Denise Katz alerta que um problema para o sono infantil é o uso frequente de eletrônicos. “A luz emitida pela tela afeta a percepção do cérebro sobre ser dia ou noite”, afirma. Ela conta, ainda, que a luminosidade azul desses itens inibe a secreção de melatonina, hormônio que estimula o sono. Casos assim se tornam ainda mais preocupantes ao se olhar as estatísticas. Dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic) alertam que 57% dos usuários de internet brasileiros entre nove e dez anos de idade acessaram a rede mais de uma vez por dia, em 2017. O último levantamento do Comitê Gestor da Internet, de 2015, alerta que 82% das crianças e adolescentes usam o celular para acessar a web.
Para atenuar esse comportamento revelado nas pesquisas, a médica aconselha que os responsáveis criem rotina para os pequenos e retirem os eletrônicos das mãos deles uma hora antes de colocá-los para dormir. “As crianças gostam de estar acordadas e presentes na rotina dos pais. Criar um ritual pré sono pode ajudar para que esse momento de levá-las para a cama seja mais tranquilo e bem aceito”, propõe. “Sugiro começar com um banho relaxante, seguido por um chá e histórias e músicas serenas”, completa. Ela também sugere que refeições nutritivas, tempos limitados de cochilo à tarde e hora definida para dormir virem regras na vida dos filhos. A mestre em pediatria orienta que os responsáveis observem o sono do filho mais novo. “Um bebê de um ano deve dormir 14 horas no dia. Se ele dorme pouco pela manhã, deve compensar o resto à noite”, instrui .
De acordo com a especialista, esse hábito se torna importante na medida em que metade dos pequenos entre dois e quatro anos experimentam um problema de sono no Brasil, e 4% deles têm insônia comportamental. Esse distúrbio resulta em processos interrompidos de desenvolvimento cerebral. A pediatra explica que durante a fase do sono na qual ocorrem os sonhos mais realistas, por exemplo, acontecem processos de replicação de neurônios importantes para a saúde cerebral. “Por conta disso, as crianças devem dormir antes das 22h. O ideal é entre 19h e 20h”, afirma.