Programa conecta startup à indústria para estimular inovação no Brasil

Programa conecta startup à indústria para estimular inovação no Brasil

Através do programa conecta startup gaúcha Regenera Moléculas do Mar, que há sete anos faz pesquisa marinha para desenvolvimento de produtos, ganhou mais experiência com vendas e processos burocráticos no ano passado com a Natura, gigante brasileira de cosméticos.

Com uma equipe de nove pesquidores das áreas de química, biologia, biomedicina e engenharia, a empresa tinha dificuldade de divulgar seus produtos sem jargões técnicos. “Com a Natura, aprendemos a transformar a linguagem do pesquisador em um discurso mais atraente ao mercado”, diz Mario Frota Junior, diretor-presidente da startup.

Para estabelecer contato com a indústria, a Regenera participou em 2017 do “Programa Nacional Conexão Startup Indústria”, da ABDI (Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial). O projeto consiste em um conjunto de ações para promover o desenvolvimento da indústria nacional, por meio da união com jovens empresas, como a de Frota Junior.

Na prática, as duas empresas saem ganhando: a grande indústria — que pode comprar produtos e serviços com tecnologia de ponta do Brasil — e a empresa de pequeno e médio porte, que ganha experiência e escala de vendas e se torna mais competitiva no mercado.

A Regenera, por exemplo, fechou contrato com a Natura após a conexão feita pelo programa da ABDI. “Com base no que coletamos do mar, fazemos pesquisas que podem dar origem a produtos, como o que estamos desenvolvendo à indústria de cosméticos”, explica o empresário, que é o mergulhador responsável pela coleta do material marinho.

Com investimento em inovação e ajuda de entidades setoriais, o faturamento da startup deve terminar este ano 10 vezes maior do que o registrado em 2017. “Se a vida veio do mar, as soluções devem estar no mar”, diz.

Inovação em Portugal
Redução de custos e aumento de competitividade são os maiores ganhos da conexão indústria-pequeno negócio, na análise de Luiz Augusto Ferreira, presidente da ABDI. “Cerca de 30% das startups selecionadas para o programa de 2017 estão fechanado negócio com as indústrias parceiras”, calcula Ferreira.

Para a edição deste ano, o programa foi reformulado e será pré-lançado em novembro em Portugal, durante a conferência internacional de tecnologia WebSummit.

O novo programa, agora chamado de Startup Indústria 4.0, prevê expansão internacional, acordo bilateral com o país europeu e R$ 4,8 milhões em investimentos para as startups selecionadas.

Este ano, 30 indústrias vão participar do projeto, 150 jovens empresas serão escolhidas e 60 delas serão conectadas às gigantes do setor e receberão R$ 80 mil em prêmio para investimento em inovação. Das 30 companhias parceiras, três serão de Portugal.

“Portugal é a porta de entrada de brasileiros na Europa e não tem a barreira do idioma. Além disso, o país é considerado o terceiro melhor do mundo para se abrir uma empresa”, afirma Ferreira.

Junto com representantes da ABDI, participarão do evento startups que integraram a edição 2017 do programa de conexão e têm faturamento mensal acima de R$ 1 milhão. Ou seja, que são maduras o suficiente para vender ao exterior.

“O objetivo do evento é fazer negócios. Startups não precisam conhecer o ecossistema de um país, elas precisam fechar contratos, fazer dinheiro”, conclui o biólogo.

Após o evento de Portugal, a associação vai trabalhar parcerias de jovens empresas brasileiras com o Japão.