O Brasil está entre os países com menor porcentual de graduados nas áreas de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês), segundo o relatório Education at a Glance publicado recentemente. Para especialistas, atrair bons e mais estudantes para essa área é um dos caminhos para reforçar a economia de um país.
O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) analisou os 35 países-membros, que são os mais ricos do mundo, e outros 11 considerados parceiros, em que se inclui o Brasil. Entre os graduados brasileiros, apenas 17% são dos cursos da área de STEM – apenas Argentina e Costa Rica têm porcentuais menores, ambos com 14%. A média dos países ricos é de 24%. Os dados são referentes a 2015.
“Nos últimos anos, muitos países da OCDE deram bastante ênfase em atrair mais estudantes para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, o que reflete a importância dessas disciplinas na sociedade moderna”, diz o relatório.
No Brasil, o campo mais popular para os graduados é o de Administração e Direito, com 36% do total – enquanto a média da OCDE é de 24%. Seguido pela área da Educação, com 20% dos formados – o dobro da média, de 10%.
“O que enriquece um país é a boa engenharia, a boa ciência. Só assim se consegue ter produtos competitivos, pensar em soluções inovadoras, que vão fortalecer a economia de um país. Ainda não temos essa cultura no Brasil e outros países já entenderam isso a muito tempo”, diz Leandro Tessler, especialista em ensino superior pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Ele ressalta que, além dessas áreas estarem pouco fortalecidas e não terem incentivo, há ainda o entrave da má qualidade da educação básica, que afasta os estudantes dessas graduações. “Não é por milagre que se formam bons engenheiros, mas é preciso uma educação básica em que os alunos aprendam adequadamente”, diz.
Avaliação
Na última edição do Pisa, prova realizada pela OCDE, o desempenho dos alunos brasileiros se mostrou bastante preocupante nas três áreas avaliadas – Leitura, Matemática e Ciência, mas especialmente nas últimas duas. Enquanto a média dos países-membros, em Matemática, é de 490, a do Brasil é 377. Em Ciências, as pontuações são 493 e 401, respectivamente.
“Os resultados do Pisa e os próprios dados nacionais mostram que um baixo desempenho em Matemática é decorrência que haja depois uma baixa procura pela graduação nessa área. Isso não é algo que nós estamos de acordo. Todas as áreas merecem atenção, mas essa especificamente é fundamental para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do País”, diz Kátia Smole, secretária de Educação Básica do Ministério da Educação. Para ela, ações como a reforma do ensino médio e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vão mudar a forma de ensinar essas disciplinas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.