Grandes grupos educacionais, como Kroton, Ser Educacional e Ânima, começam a investir em parcerias com startups. O movimento tem uma justifica prática: a quantidade de novatas do setor, conhecidas como edtechs, tem crescido.
Segundo mapeamento da ABStartups (Associação Brasileira de Startups) e do Cieb (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), 364 startups oferecem soluções na área de educação, a maior parte delas em São Paulo.
Em junho, a Kroton, maior grupo de educação do país, anunciou uma parceria com o Cubo Itaú, espaço de empreendedorismo do Itaú e do fundo de venture capital Redpoint eventures. No novo prédio do Cubo, aberto em agosto, a companhia garantiu um andar inteiro, o Cubo Education.
A Kroton inaugurou o andar de educação no Cubo com a presença já de uma edtech, a Blox, que desenvolve um sistema chamado de gamificado (ou seja, a partir de jogos) de educação por competências.
A expectativa é ter o andar de 500 metros quadrados completamente ocupado, com até 14 startups, ainda neste ano, diz Felipe Amaral de Mattos, diretor de inovação e analytics da Kroton.
“Estamos conversando com muitas edtechs e fazendo uma curadoria profunda. Queremos ter os melhores empreendedores do setor, entre educação básica, ensino superior e educação continuada”, diz.
A aproximação tem como objetivo estabelecer negócios entre a Kroton e as edtechs por meio de parcerias, aportes ou mesmo a aquisição da iniciante, se os sócios entenderem que é uma boa alternativa.
Esse foi o caso da Studiare, startup de ensino adaptativo fundada por Mattos e adquirida pela Kroton em 2015 por R$ 4,1 milhões.
“Criamos um comitê de edtechs, com a participação do presidente da empresa e de investidores, que vai se reunir a cada dois meses para avaliar parcerias e investimentos nas startups”, afirma.
Já a Ser Educacional lançou uma aceleradora de startups no Recife, com o objetivo de investir em empresas novatas de educação, saúde, finanças, varejo, construção e logística.
A cada semestre, seis startups serão aceleradas com aportes de até R$ 100 mil em troca de 10% do controle acionário. A meta é fazer investimentos ainda neste ano, diz Jânyo Diniz, presidente do grupo Ser Educacional.
“Queremos estar perto dessas soluções e trazê-las para dentro das instituições que fazem parte do grupo. A ideia é também trazer mais visibilidade para o parque tecnológico do Recife e fortalecer o ecossistema de startups da cidade”, afirma Diniz.
O centro de inovação de mais de 1.000 metros quadrados e três andares, localizado no centro do Recife, deverá abrigar 40 startups. Também há um espaço de coworking, com 160 pontos de trabalho, dez salas de reuniões e dois auditórios.
“A ideia é que, daqui a dois ou três meses, pelo menos 20 empresas já ocupem o espaço”, diz Joaldo Diniz, vice-presidente de inovação e serviços da companhia.
O projeto tem investimento de R$ 6 milhões nos primeiros 12 meses e recebeu o nome Overdrives, inspirado na música “Rios, Pontes e Overdrives”, de Chico Science, um dos idealizadores do movimento manguebeat.
Desde 2014, o grupo Ânima tem feito parcerias com as novatas do setor, como a startup carioca Tamboro, plataforma de desenvolvimento de habilidades e competências, como comunicação e criatividade. Para esse projeto, a Ânima investiu cerca de R$ 3 milhões.
“Construímos uma plataforma do zero com gamificação e desenvolvemos novos jogos, além de capacitar os professores. O protótipo ficou pronto no segundo semestre de 2015, passou por ajustes em 2016 e ficou disponível no ano passado”, diz Rafael Ávila, diretor de inovação da Ânima.
Segundo Ávila, a companhia dispõe de R$ 30 milhões para a área de inovação, recursos captados no Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) em 2014. O montante poderá ser usado até 2020.
Ainda neste ano, a expectativa é aplicar R$ 1 milhão em sete ou oito startups.