Corretoras buscam a todo custo popularizar o bitcoin, desmitificando a imagem de que moedas digitais são destinadas a operações especulativas, perigosas ou ilegais.
“As criptomoedas devem aumentar cada vez mais seu papel como meios de pagamento”, declarou Edisio Pereira Neto, presidente da Bitblue.
“O bitcoin ainda não tem tanta expressão como um meio de troca porque as pessoas acreditam que ele vai se valorizar muito. Por isso, elas preferem manter a moeda em carteira, como reserva de valor, do que gastar”, disse Pereira.
Ele aposta no potencial das moedas digitais para operações de câmbio e remessa de recursos para o exterior. “Já temos acordo com mais de 200 casas de câmbio. Cada vez mais estabelecimentos estão aceitando.”
A instabilidade nas cotações é outra barreira que dificulta uma maior aceitação do bitcoin e de outras moedas digitais pelo comércio em geral.
Por essa razão, algumas corretoras estão elaborando ferramentas que garantam o valor de venda dos produtos comprados com criptomoedas.
“As grandes varejistas ainda têm medo da volatilidade das criptomoedas. Estamos trabalhando com elas para desenvolver uma forma de travar o valor da compra em reais”, disse Ingrid Barth, chefe de negócios da Foxbit.
Para Ingrid, a tendência é que cada moeda digital assuma uma função específica, seja como opção de reserva de valor ou como meio de troca ou pagamento.
“Com as criptomoedas, podemos ter todas essas características separadas. Não precisa acreditar só no bitcoin. Cada uma delas poderá atender a um problema específico, como reserva de valor ou para pagar a despesa em um varejista”, afirmou.
Outro passo importante para popularizar o mercado de criptomoedas é definir a regulação do segmento, avaliam os especialistas que participaram do evento Fintouch, que reuniu as principais fintechs (empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros) do país, em São Paulo, nesta quarta-feira (8).
“Já há tentativas de regular esse mercado. Lá fora, o processo está mais avançado. Aqui no Brasil, estamos mantendo uma interação com os reguladores”, disse Luiz Calado, economista-chefe do Mercado Bitcoin.
“Os segmentos financeiros tradicionais no Brasil ainda são contra a criptoeconomia. No Japão, os bancos são donos de corretoras de moedas digitais. Há uma barreira cultural, mas os reguladores podem ajudar a derrubá-la, criando regras para esse mercado”, afirmou Calado.