Inovação é a mudança de comportamento dos agentes no mercado, como consumidor ou forneceder de um produto ou serviço.
Criar algo verdadeiramente inovador não é fácil e provavelmente irá ouvir de muita gente seu novo projeto não vai dar certo. Mas para ser bem-sucedido, é preciso ir contra a tendência natural de imitar algo que já existe, defende Peter Thiel, cofundador do PayPal e ex-sócio de Elon Musk. “Quando alguém está tentando fazer algo novo, vai ouvir de muitas pessoas que aquilo não vai dar certo. É aí que as pessoas ficam desencorajadas. Mas é preciso seguir em frente e tentar”, diz ele. A boa notícia, porém, é que ao criar um modelo inovador, sua empresa já sai com uma vantagem sobre as demais: “Se você está fazendo algo muito inovador, mesmo que alguém te imite dali a dois anos, quando estiver dando tudo certo, vai ser sempre tarde demais”.
“A imitação faz parte da natureza humana. É assim que aprendemos as coisas, o que é bom, mas em certo ponto, pode dar muito errado. Se todo mudo se imita, ninguém cria nada novo. E muita coisa ruim vem da imitação, assim são criadas as bolhas econômicas”, afirmou.
Thiel participou, do 5º Fórum Liberdade e Democracia, em São Paulo, e contou sobre sua experiência. Com a criação do PayPal, em 1999, ele estava criando um negócio completamente novo. “Muitas pessoas e investidores perguntavam como não seríamos esmagados pelos grandes bancos. Eu nunca tive uma resposta muito boa para isso, mas a minha resposta na época era mais ou menos essa: ‘Temos produto novo e precisamos crescer muito rápido, para que os bancos nunca possam se recuperar’”.
Em 2000, a empresa chegou a 1 milhão de usuários – dependendo de um modelo de negócio “louco” (nas palavras de Thiel): dar US$ 20 a cada novo usuário. Além da dificuldade de crescer, o PayPal enfrentou desafios regulatórios quando alguns estados dos EUA cogitaram proibir sua atuação. Por estar fazendo algo que nunca havia sido feito antes, estavam em uma “área cinzenta” na lei, diz o empreendedor. “Quando você tem a tecnologia e tem milhões de usuários, fica muito difícil o governo te impedir de continuar”.
Peter Thiel ficou famoso ao defender que as empresas deveriam buscar monopólios. “As pessoas acham que quando se abre uma empresa sempre será necessário enfrentar a competição, mas eu acho que um negócio pode ser tão bom que não tenha competição”, afirmou. O Google, por exemplo, tem o monopólio sobre sites de busca, mas a empresa se diz uma empresa de tecnologia. “O mercado de tecnologia é um mercado amplo, então, estão competindo com muita gente. A competição vem da Apple, da Amazon, do Facebook… E então o Google consegue dizer aos reguladores que não é um monopólio, afinal tem vários concorrentes”.
“Certamente a ideia de criar novas moedas para o mundo, e usar a criptografia para dar segurança, é poderosa”, afirma Thiel. “É muito interessante pensar nas novas formas de pagamentos e serviços financeiros, e as criptomoedas fazem pensar sobre o poder do dinheiro. Em qualquer lugar do mundo, se eu pegar uma nota de cem dólares e mostrar, as pessoas sabem o que isso significa. Mas porque um pedaço de papel tem esse valor?”, questiona.
Segundo Thiel, outra questão interessante que as criptomoedas trazem é sobre o futuro da computação. Ao longo da história, as ficções oscilavam entre um mundo centralizado, com poucos computadores poderosos, e descentralizado. “Em 1960, as pessoas imaginavam um futuro em que poucos computadores iriam controlar o mundo. Mais tarde, em 1990, a ideia de que a computação tornaria o mundo mais descentralizado ganhou força”, diz. “Hoje, parece que estamos indo mais em direção à centralização, com empresas gigantes que têm computadores poderosos com muita informação sobre nós”.