Estudos sobre tratamentos menos invasivos para obtenção de células-tronco empregadas no tratamento da asma grave levaram a médica e professora Fernanda Cruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ser uma das sete pesquisadoras que tiveram seus projetos escolhidos para o prêmio do programa Para Mulheres na Ciência, uma iniciativa da Unesco Brasil, da Academia Brasileira de Ciências e da empresa de cosméticos L’Oréal Brasil.
O prêmio faz parte do programa que tem o mesmo nome, criado em 2006, para interferir na transformação do panorama da ciência no país, buscando o equilíbrio dos gêneros e incentivando a entrada de jovens mulheres no universo científico. Em cada uma das 13 edições o prêmio foi concedido a sete jovens pesquisadoras de diversas áreas de atuação, que recebem também uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil.
Fernanda valoriza tanto a homenagem quanto o recurso do prêmio que vai apoiar sua pesquisa. “Hoje, para gente conseguir uma verba como essa, é muito difícil, principalmente para pesquisadoras jovens como eu, sem falar também que é um incentivo para os nossos alunos e para os nossos colegas que estão na mesma fase de carreira. É importante para todo mundo”, disse a médica, que é pesquisadora do Laboratório de Investigação Pulmonar (LIP) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ.
A pesquisadora se dedica ao estudo de tratamento dos problemas respiratórios crônicos com terapia de células-tronco. “Eu desenvolvo novas estratégias para o tratamento de doenças respiratórias crônicas, uma delas é de utilização de células-tronco. O projeto premiado foi visando fontes menos invasivas de extração dessas células para o tratamento da asma. Em vez de extrair essas células da medula óssea, o estudo pesquisa se a gente pode extrair das células do sangue que é uma fonte menos dolorosa e incômoda para o paciente”, informou.
Projetos de saúde
O Para Mulheres na Ciência é dividido em quatro categorias: Ciências da Vida, Química, Matemática e Física. Este ano, o programa de estímulo à participação da mulher na ciência brasileira bateu recorde de participações. Foram registradas 524 inscrições, 34% a mais do que em 2017. Os trabalhos foram avaliados por uma comissão julgadora formada por profissionais de destaque das áreas científicas.
A maioria dos projetos de pesquisa escolhidos são da área de saúde. Além da pesquisa de células-tronco de Fernanda Cruz, tiveram projetos premiados as pesquisadoras Angélica Vieira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), bióloga que estuda a resistência a antibióticos; Ethel Wilhelm, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), bioquímica dedicada ao tema do envelhecimento populacional e causas de dores nesta faixa etária; e Sabrina Lisboa, biomédica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que busca terapia eficaz para pacientes com Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
Também foram premiadas, Jaqueline Soares da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), física que estuda o uso do talco mineral para tornar próteses ortopédicas e dentárias mais resistentes; Luna Lomonaco, do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME/USP), que se dedica ao estudo do Conjunto de Mandelbrot, um dos fractais mais conhecidos; e a química Nathalia Lima, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que busca solução para uma questão que afeta a economia brasileira e a engenharia civil, que é o curto prazo de validade do cimento.