Quem acompanhou a última edição do Surf Ranch Pro, além de assistir à vitória do brasileiro Gabriel Medina, pôde ver um exemplo prático de como a tecnologia está transformando o esporte. Pela primeira vez, a etapa do Circuito Mundial de Surfe, que aconteceu entre os dias 6 e 9 de setembro, na Califórnia, foi disputada nas ondas artificiais criadas por Kelly Slater, maior nome da modalidade.
O evento reuniu a nata do surfe mundial para testar a tecnologia desenvolvida após anos de pesquisas científicas pela Kelly Slater Wave Company, empresa de Slater. A ideia parece ter causado entusiasmo no mundo do esporte após a World Surf League anunciar a compra de ações da empresa para se tornar sócia majoritária, e pode fazer com que o surfe chegue a lugares antes inimagináveis.
As “ondas perfeitas” da piscina artificial de Kelly Slater, além de uma inovação para a modalidade, poderão trazer benefícios aos campeonatos do surfe, já que não dependerão das condições climáticas e poderão ser disputados em países onde não há praias.
O piscinão de Slater
O local onde foi construída a piscina artificial usada no campeonato era um lago desativado para a prática do esqui aquático. Durante nove anos, Slater e Adam Fincham, professor de engenharia mecânica e aeroespacial da Universidade do Sul da Califórnia (USC), desenvolveram um sistema que produzisse ondas sem irregularidades e com velocidade de deslocamento suficiente para permitir a prática do surfe como competição.
O grande destaque da piscina artificial é uma lâmina de metal de 700 metros de comprimento e 150 metros de largura, a hydrofoil. Um sistema de trilhos é usado para impulsionar as lâminas que se movimentam por toda a extensão do lago e são responsáveis por gerar ondas.
Apesar ser a aposta para a revolução e massificação do esporte nos próximos anos, Slater não foi pioneiro no projeto das piscinas artificiais em competições de surfe. Em 1985, um parque aquático de Allentown, na Pensilvânia (EUA) recebeu os melhores surfistas do mundo para um torneio, mas a tecnologia precária da época impossibilitou a continuidade do projeto.
Apesar de o surfe marcar presença no Jogos Olímpicos a partir de 2020, a organização descartou a utilização de piscinas artificiais por questões logísticas. Em 2024, no entanto, ela terá chances reais de aparecer na Olimpíada de Paris.