A proposta do serviço da Waze é simples: conectar pessoas que querem dar carona com aqueles que querem pegar carona. O custo será de R$ 4 a R$ 25 por carona, valor usado para contribuir com os custos do combustível, com pagamento apenas via cartão de crédito. De 5 Km a 10 Km, a corrida custará R$ 10. Passando disso, há um valor por quilômetro.
Segundo Noam Bardin, CEO e fundador do Waze, a ideia do serviço não é fazer com que motoristas ganhem dinheiro ou que o transformem a atividade em um trabalho, mas, sim, fomentar o compartilhamento de carros, tirando veículos das ruas e contribuindo para a redução do trânsito, especialmente em grandes cidades.
Como funciona?
O Waze Carpool funciona tanto dentro do app do Waze quanto separadamente, por meio do app Waze Carpool, disponível para Android e iOS. Depois de baixá-lo, o aplicativo mostra dois endereços de rota diária editáveis, como
casa e trabalho, feito isso, pergunta qual a sua programação diária, ou seja, a que horas você deixa a sua casa e o trabalho. Depois, ele sugere que você faça o login com credenciais do Facebook ou Google. Em seguida, pede seu e-mail do trabalho ou faculdade. Esse passo, no entanto, não é obrigatório.
Os motoristas, por sua vez, utilizam o Waze tradicional. Para isso, basta ativar a opção para dar caronas. Os passageiros podem também definir filtros como pegar carona com pessoas do mesmo sexo ou que trabalham na mesma empresa. No perfil dos motoristas e dos que buscam carona são exibidas informações como perfil do Facebook, LinkedIn e avaliação de outras pessoas.
Uma das funcionalidades do sistema é a limitação de carona, sendo possível conceder apenas duas por dia: uma na ida e outra na volta. Para o lançamento, o Waze concederá valor promocional de R$ 2, por tempo limitado.
Nos últimos dois meses, o Waze testou o modelo no Brasil, com a ajuda de 20 parceiros e 60 empresas, como Natura, BR Distribuidora e Magazine Luiza. Nesse período, foram percorridos 40 mil km de caronas, o equivale a uma volta completa do mundo no Carpool.
Menos carros nas ruas
Bardin explicou que o Waze consumiu os últimos três anos trabalhando no recurso e que o Brasil é o primeiro grande país a receber a novidade. Nos Estados Unidos, quatro estados já têm o serviço e os demais receberão o Waze Carpool em breve.
Com mais de 100 milhões de usuários ativos todos os meses, sendo 4 milhões de usuários apenas em São Paulo e o Brasil como o segundo País que mais usa o app, o Waze enfatiza que a aposta no serviço de caronas busca tirar carros da rua. Bardin mostrou uma imagem que mostra 60 pessoas indo para o trabalho, cada uma em seus carros. Em seguida, mostrou como será com o Carpool, que reduz dois terços do volume de carros. “Se fizermos pequenas mudanças, vamos melhorar nossa vida”, afirmou ele.
André Loureiro, lead regional Latam do Waze, lembrou dados de uma consultoria que indicam que a população perde R$ 267 bilhões no congestionamento, ou 4% do PIB do Brasil, o que torna o trânsito um problema nacional e coletivo.
“O carro sempre foi pensado como solução das pessoas, mas hoje é protagonista do problema. Há um carro para quatro habitantes no Brasil. E o Waze cresceu nesse cenário, ajudando pessoas a chegarem em seus destinos em menos tempo. Você já parou para pensar que aquele assento vazio pode ser uma pessoa a mais no carro e um carro a menos na rua?”, provocou.
Segurança
Depois de tantas reclamações de assédio e até violência a passageiras em aplicativos tradicionais de mobilidade, naturalmente a segurança foi um dos temas abordados na coletiva de imprensa de apresentação do Waze Carpool.
Além das características de validação de informações que o aplicativo incluiu em suas funcionalidades, Douglas Tokuno, chefe do Waze Carpool para o Brasil, reiterou a validação do e-mail corporativo como forma adicional de segurança.
“A validação do e-mail corporativo não é obrigada, mas é uma camada a mais de segurança. No Uber e no táxi, você não sabe quem está vindo. No nosso caso, como é uma carona, você pode negar ou escolher a pessoa que vai pegar essa carona”, afirmou. De acordo com o executivo, o Waze terá também uma equipe de suporte local e será possível denunciar perfis falsos.
Loureiro apontou que a ideia do Waze Carpool é fomentar microcomunidades. “Em vez de pegar qualquer carona, com qualquer pessoa, comunidades menores emergem”, afirmou.
Mudança de cultura
Loureiro afirmou que a questão da carona demanda uma mudança comportamental da sociedade. “Mas por meio dela, podemos impactar a sociedade. Por isso, estamos lançando o movimento #MoveTheCity, para fomentar a carona como real alternativa de mobilidade.”
João Octaviano Machado Neto, que está à frente da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, disse que o governo está ciente da necessidade de transformar a mobilidade urbana. Ele citou dados que reforçam essa visão. “Temos uma frota em São Paulo de 8,5 milhões de veículos e 250 mil novos nas ruas ao ano. Só na Marginal Pinheiros, na Ponto do Morumbi, passam por hora 4,5 mil motos. É uma realidade que precisa mudar. As caronas são uma nova atitude em relação ao deslocamento e à mobilidade”, disse.
Neto completou que o governo estuda formas de fomentar o modelo, como a criação de uma faixa exclusiva em São Paulo para os adeptos da carona, algo bastante conhecido e usado nos Estados Unidos.